Homens são mais vulneráveis à Covid-19; estudo indica presença do coronavírus nos testículos
Um novo estudo conduzido por profissionais de saúde sugere que os testículos podem ser uma área fértil para a propagação do novo coronavírus (Covid-19), causando infecções nos homens de forma mais severa e por mais tempo. A tese vai ao encontro de observações da OMS (Organização Mundial de Saúde) que indicam serem os pacientes do […]
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Um novo estudo conduzido por profissionais de saúde sugere que os testículos podem ser uma área fértil para a propagação do novo coronavírus (Covid-19), causando infecções nos homens de forma mais severa e por mais tempo. A tese vai ao encontro de observações da OMS (Organização Mundial de Saúde) que indicam serem os pacientes do sexo masculino os mais vulneráveis à doença.
O coronavírus se liga ao gene ACE2 (relacionado à produção da enzima de conversão da angiotensina, usada pelo vírus para infectar os pulmões), presente nos pulmões, coração e intestinos, mas encontradas em elevadas quantidades nos testítulos e, em menor, no tecido dos ovários.
Um estudo piloto publicado pelo portal MedRvix aponta que, enquanto as mulheres levam cerca de 4 dias para se curarem da Covid-19, os homens precisam de 6 dias. O estudo se concentrou em 68 pacientes de Mumbai, na Índia. As médicas Aditi Shastri, oncologista do Centro Médico Montefiore, em Nova Iorque (EUA), e sua mãe, a microbiologista Jayanthi Shastri, que atua no Hospital Kasturba para Doenças Infecciosas da cidade indiana, identificação a ligação do vírus à proteína presente nos testículos.
A ACE2 se prolifera nesses órgãos, favorecendo a permanência do coronavírus no corpo masculino por mais tempo –funcionando quase que como um “reservatório”. As pesquisadoras consideram que as informações explicam, ao menos em parte, o porquê de as mulheres se recuperarem mais rapidamente e a razão de os homens apresentarem quadros mais graves.
Resposta imune
O estudo ainda é preliminar, mas se alinha com a predominância de casos de coronavírus em homens ao redor do mundo.
Sabra Klein, pesquisadora do Centro Johns Hopkins de Saúde da Mulher, Sexo e Diferenças de Gênero, notou ainda em fevereiro o risco aumentado para os homens em relação a outros coronavírus que surgiram no passado, casos da Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e Mers (H1N1). Em paralelo, o Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças havia anotado que a taxa de mortalidade do novo coronavírus era de 2,8% para homens, perante 1,7% para mulheres, em um universo de 44.672 casos confirmados.
O maior número de casos graves também foi presenciado na Espanha, Itália (onde, de 1.591 pacientes gravemente enfermos que chegaram a UTIs, 82% eram homens) e nos Estados Unidos, onde, em março, já se admitia que os homens seriam desproporcionalmente mais afetados –algo atribuído, também, ao fato de muitos homens rejeitarem até mesmo fazer a testagem para a doença.
A Saúde Pública de Nova Iorque, onde houve um dos maiores surtos do mundo, mostram que os homens têm mais chances de serem hospitalizados e quase duas vezes mais chances de morrer. Em 3 de abril, na metrópole, homens eram 59% dos pacientes internados e 62% das mais de 1.800 mortes registradas. Outros dados mostraram que houve 39 mortes de mulheres por 100.000 pessoas, ante 71 de homens no mesmo grupo de pessoas.
A maior defesa feminina contra a infecção também é alvo de estudo, mas levanta teses. Entre elas, a que indivíduos do sexo feminino têm respostas imunes maiores e mais robustas a alguns vírus, casos já observados em relação ao HIV e as hepatites B ou C, cuja carga viral nelas chega a ser 40% menor. Isso é atribuído ao fato que o cromossomo X tem muitos genes de resposta imune –mulheres têm dois deles, enquanto os homens contam com um X e um Y. Mesmo em países nos quais houve mais mulheres contaminadas pela Covid-19, como a Coreia do Sul, o índice de mortalidade entre os homens foi maior.
Por outro lado, há também os fatores de risco aos quais os indivíduos do sexo masculino são mais sujeitos, como o tabagismo (na Itália, havia 7 milhões de homens fumantes e 4,5 milhões de mulheres), ou doenças como pressão alta e outras que contemplam o grupo mais suscetível ao coronavírus –homens italianos e chineses têm mais pressão alta que as mulheres, e no segundo país eles também são maioria em relação à diabetes tipo 2–; além da adoção de hábitos como higienizar as mãos com frequência. (Com agências)
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