Secretário de Saúde de MS chama de ‘estarrecedor’ discurso de Bolsonaro sobre quarentena
Secretário de Saúde de Mato Grosso do Sul, Geraldo Resende, disse ser estarrecedor o discurso do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) na noite de ontem (24), ao dizer que o coronavírus é um “resfriadinho”, que pouca gente vai contrair e que a mídia espalhou a sensação de pavor. Resende assinou uma carta com […]
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Secretário de Saúde de Mato Grosso do Sul, Geraldo Resende, disse ser estarrecedor o discurso do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) na noite de ontem (24), ao dizer que o coronavírus é um “resfriadinho”, que pouca gente vai contrair e que a mídia espalhou a sensação de pavor. Resende assinou uma carta com os outros 26 secretários do país se posicionando sobre o assunto e inclusive, pedindo a retratação de Bolsonaro.
Resende disse ao Jornal Midiamax na manhã desta quarta-feira (25), que ele e os outros secretários do país, emitiram uma nota logo após o pronunciamento do presidente, dando todo apoio ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e toda equipe do ministério. “Entendemos o discurso como estarrecedor”, falou.
De acordo com a carta publicada nacionalmente, os secretários de saúde disseram terem assistido ao pronunciamento “estarrecidos”. “É preciso demonstrar ao Brasil as suas consequências para que toda a sociedade perceba a gravidade do momento que estamos vivendo. Temos, juntamente com o Ministério da Saúde, os municípios e a própria sociedade brasileira, empreendido uma intensa luta no enfrentamento da Covid-19”.
Segundo outro trecho da nota, todas as decisões e recomendações do Conass e do Ministério da Saúde têm se baseado em evidências científicas, na realidade nacional e internacional e buscado inspiração nas melhores práticas e exemplos de ação e condutas exitosas ao redor do mundo.
No posicionamento, os titulares da pasta falam que é este o esforço que tem empreendido em defesa da pátria e dos irmãos e irmãs brasileiros. “É dessa forma, desassombrada e corajosa, na direção correta que queremos seguir nesta missão de defender nossa gente. Não temos intenção de politizar o problema”.
Ainda na carta, os secretários pedem uma retratação do presidente da República. “Não podemos permitir o dissenso e a dubiedade de condução do enfrentamento à Covid-19. Assim é preciso que seja reparado o que nos parece ser um grave erro do Presidente da República”.
Confira a nota na íntegra:
“Carta dos Secretários Estaduais de Saúde do Brasil após pronunciamento do Presidente da República”
Assistimos estarrecidos o pronunciamento em cadeia nacional do Presidente Jair Bolsonaro. É preciso demonstrar ao Brasil as suas consequências para que toda a sociedade perceba a gravidade do momento que estamos vivendo. Temos, juntamente com o Ministério da Saúde, os municípios e a própria sociedade brasileira, empreendido uma intensa luta no enfrentamento da Covid-19.
Luta que envolve trabalho, sacrifício, solidariedade, empatia, compaixão com o sofrimento das pessoas e alinhamento de entendimento e de ações, união de esforços e uma única direção. Todas as decisões e recomendações do Conass e do Ministério da Saúde têm se baseado em evidências científicas, na realidade nacional e internacional e buscado inspiração nas melhores práticas e exemplos de ação e condutas exitosas ao redor do mundo.
É este o esforço que temos empreendido em defesa de nossa pátria e de nossos irmãos e irmãs brasileiros. É dessa forma, desassombrada e corajosa, na direção correta que queremos seguir nesta missão de defender nossa gente. Não temos intenção de politizar o problema. Temos construído, sem dificuldade, independente de colorações partidárias, políticas e ideológicas, consensos para o bem do SUS e, sobretudo com a saúde de nosso povo. É isso que norteia nossas ações e esforços. Este é nosso compromisso. Já temos dificuldades demais para enfrentar. Não podemos permitir o dissenso e a dubiedade de condução do enfrentamento à Covid-19. Assim é preciso que seja reparado o que nos parece ser um grave erro do Presidente da República.
Ao invés de desfazer todo o esforço e sacrifício que temos feito junto com o povo brasileiro, negar todas as recomendações tecnicamente embasadas e defendidas, inclusive, pelo seu Ministério da Saúde, deveríamos ver o Presidente da República liderando a luta, contribuindo para este esforço e conduzindo a nação para onde se espera de seu presidente: um lugar seguro para se viver, com saúde e bem estar.
Infelizmente o que vimos em seu pronunciamento foi uma tentativa de desmobilizar a sociedade brasileira, as autoridades sanitárias de todo o país e, inclusive, seu próprio Ministério da Saúde. Sua fala dificulta o trabalho de todos, inclusive de seu ministro e técnicos.
Todo o apoio à atuação do Ministério da Saúde e sua equipe técnica, que tem trabalhado técnica e cientificamente em todos os momentos. Com saúde não se brinca e nem se fazer apostas, diante do risco que corremos. É preciso discernimento, coragem e determinação para liderar, unificar e auxiliar a nação a superar mais este desafio de Emergência em Saúde Pública.
Temos plena consciência de que o Brasil e o mundo irá enfrentar uma grave recessão econômica, aprofundamento das desigualdades sociais e empobrecimento. A economia, com trabalho, disciplina, organização e espírito publico, se recuperará. Seremos solidários e trabalharemos sem descanso para permitir uma rápida recuperação da nossa economia.
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