Briga política deixa Funai sem coordenador e lideranças reclamam de desamparo na pandemia
O militar reformado José Magalhães Filho, o Magalhães do Megafone, foi exonerado do cargo de Coordenador Regional da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Campo Grande nesta segunda-feira (24) e o órgão indígena fica sem coordenador mais uma vez. O coordenador da Funai já tinha ficado afastado por três meses e mostra o descaso com […]
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O militar reformado José Magalhães Filho, o Magalhães do Megafone, foi exonerado do cargo de Coordenador Regional da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Campo Grande nesta segunda-feira (24) e o órgão indígena fica sem coordenador mais uma vez. O coordenador da Funai já tinha ficado afastado por três meses e mostra o descaso com o suporte às comunidades indígenas em plena pandemia de coronavírus.
Para líderes indígenas em Mato Grosso do Sul, as aldeias estão desamparadas há muito tempo e faltam recursos para prestar assistência aos indígenas diante da pandemia. A situação do coronavírus preocupa, principalmente em Aquidauana, que concentra a maioria dos casos e mortes nas aldeias.
O cacique Pedro Lulu é liderança indígena da Taunay Ipegue e afirma que o cenário é preocupante. Ele diz que, com ou sem Magalhães, o principal problema é que a Funai não tem recursos para auxiliar as aldeias.
“A gente se sente desaparado. A Funai deve ser como uma mãe para nós, que faz registro de nascimento, ajuda na área social, agricultura, são várias atividades que deveriam ser executadas pela Funai, mas cortaram os recursos. Seja quem for que esteja na coordenação, hoje em dia a Funai é só um nome”, diz a liderança.
O líder indígena conta que o coronavírus tem feito muitas vítimas, principalmente nas comunidades da etnia terena em Mato Grosso do Sul. Reportagem feita pelo Midiamax mostrou que os terena representam 93% das mortes entre indígenas no estado. Enquanto a Funai continua sem coordenador, a contaminação por Covid-19 cresce nas aldeias.
“Não temos amparo. Temos que cumprir quarentena, mas como vamos trabalhar? De onde vai vir o alimento? Está um caos, não sabemos onde recorrer. Não podemos sair, sofremos discriminação na cidade, a gente sofre com Magalhães e sem Magalhães”, frisa.
O cacique ainda pontua que além do coronavírus, os indígenas ainda sofrem com a fome. “Somos grupo de risco e não temos vitamina no corpo. Aqui o alimento é arroz, feijão, mandioca e acabou”, diz. Para o líder, independente de quem seja o novo coordenador da Funai, mais importante é que o Governo Federal envie recursos para as comunidades indígenas durante a pandemia.
O pastor Jader Jorge de Oliveira é de Aquidauana e também diz que as comunidades indígenas estão desamparadas há um bom tempo. Ele cita que além da Funai sem coordenador, a Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) ainda foi alvo de operação da Polícia Federal na última semana.
“Como vai ser o cuidado com as comunidades, com os dois órgãos comprometidos? Eu acho que vai ficar ainda mais complicado. Para a Funai, vão indicar quem? Com Magalhães, as lideranças não foram consultadas e acredito que não devemos ser consultados de novo”, afirma.
O cacique da aldeia Jaguapiru, Izael Morales, afirma que as comunidades estão sem uma referência em Mato Grosso do Sul. Mesmo sendo liderança de aldeia em Dourados, ele acredita que os problemas na Coordenação Regional da Funai em Campo Grande afetam toda a comunidade indígena no Estado.
“Esse cenário é muito prejudicial para o nosso povo. A Funai é o órgão onde a gente recorre em qualquer tipo de situação, então é um grande impacto para a comunidade”.
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