Associação que denuncia fraudes no Detran-MS vê fim da vistoria no órgão como ‘privatização’

Empresário que fundou associação para divulgar fraudes em documentos de inspeção teme que denúncias sejam arquivadas após processo.

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Autor de uma série de denúncias sobre irregularidades no registro de veículos pelo Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul) e fundador de uma entidade focada em denunciar fraudes no processo, Vaderlei Scuira vê com descrédito a iniciativa do órgão em repassar integralmente a responsabilidade pela inspeção veicular para empresas terceirizadas. Para ele, a medida servirá apenas para arquivar fatos como os que ele afirma acontecerem há quase 30 anos.

“Na prática, mesmo, sou contra. Sempre fui. É como se eu visse, de alguma forma, a gestão privatizando o Detran”, afirmou Scuira, que preside a Associação de Vítimas do Detran-MS, Defurv e IC. “Não sei se isso é legal, mas a preocupação que tenho é que, com isso, queiram arquivar as denúncias de crimes que eu fiz”, prosseguiu o empresário do ramo de motores.

Scuira fundou a associação depois de constatar, por anos, problemas na regularização de veículos no Detran-MS, muitos deles já denunciados às autoridades e à própria Corregedoria do órgão –como a recusa em se protocolar uma acusação. Contudo, nesse período, ele reclama que, mesmo tendo em mãos gravações em áudio e vídeo para atestar suas denúncias, nada teria avançado. As acusações incluem gestões anteriores do órgão.

Para o empresário, a alegação de que a medida ajudaria, por exemplo, a acabar com fraudes –com os atuais servidores lotados no serviço sendo convertidos em auditores das ECVs–, é vista com desconfiança. “Não vejo como acabar com a corrupção”, afirmou.

Nesta quinta-feira (9), a direção do Detran-MS anunciou que, a partir de 17 de agosto, apenas as ECVs farão a vistoria veicular em Mato Grosso do Sul, sendo instituído plano que converterá servidores em auditores das empresas e abertura da possibilidade de elas começarem a operar por filiais em cidades onde não haja empresas. Uma das vantagens seria aproximar o serviço da população.

A medida foi questionada por diretor do Sindetran-MS (Sindicato dos Servidores do Detran-MS), que afirmou não existir no plano de cargos do órgão a função de auditor, bem como o fato de a medida ser implementada sem discussão com a entidade. O sindicato ainda preparou um dossiê, composto por denúncias, reportagens e documentos, para sustentar que o serviço de vistoria veicular próprio do Detran-MS deixou de receber investimentos para justificar a terceirização. A entidade também alerta que o processo pode encarecer a vistoria veicular.

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