O descarte irregular de lixo nas ruas tem atormentado os moradores de vários bairros de Campo Grande. Quando a via é menos movimentada ou sem pavimentação, muitos se aproveitam para jogar todo o tipo de lixo: restos de obra; poda de árvore; lixo doméstico e até animais mortos. Na rua Martine de Moraes, no Rita Vieira, a situação não é diferente e os moradores até faixa colocaram para conscientizar e evitar a sujeira. Porém, a ação não deu muito certo e foi até alvo de represália.

Quem vai até o final da avenida Rita Vieira de Andrade ainda vê uma das faixas: “Meus filhos não são obrigados a conviver com o lixo”. A ideia foi da família de Francielle Carvalho. O marido colocou a faixa na avenida e também ao longo da rua Martine Moraes – que está sendo usada como ‘lixão’ a céu aberto. Contudo, além de o lixo continuar a ser despejado no local, os avisos foram vandalizados.

Segundo Franciele, o marido viu o descarte irregular na última segunda-feira (14) e foi atrás de quem estava jogando o lixo. “Colocamos a faixa na semana passada e, de ontem para hoje, cortaram as três. Coincidência, meu marido viu jogarem lixo e foi atrás reclamar. Eles recolheram, mas, hoje, as faixas amanheceram cortadas”, diz a moradora.

Quem passa pelo local vê o lixo que se acumula nas margens da rua. Segundo Francielle, desde o ano passado, os moradores estão reclamando para a Prefeitura sobre a limpeza da região. Neste ano, foi limpo, mas a população não está colaborando.

A situação é agravada pela falta de iluminação pública. Distante apenas oito quilômetros do Centro da Capital, não há um poste sequer na rua. De acordo com Francielle, que está construindo a casa em um dos lotes da rua, a energia elétrica terá que ser puxada da avenida Roterdã, passando pelas propriedades vizinhas até chegar à casa dela.

“Não tem iluminação, não tem poste de energia, não passa esgoto. A noite o pessoal faz a rua de motel. Já vi na Prefeitura, mas não tem nem previsão [de rede de energia]. Nunca vi isso dentro da cidade. Até em fazenda chega energia”, reclama Francielle.

Os problemas também são confirmados por Maria Aparecida. Aos 53 anos, a moradora diz que é inseguro sair de casa e que na última segunda-feira (15), jogaram um cachorro agonizando na frente da casa dela. “Ele [o cachorro] entrou aqui morreu. Liguei para o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) e não quiseram vir. Tive que enterrar”, diz a moradora.

Para ela, a falta de energia e de segurança também são problemas que afetam a vida todos os dias.  “Eu faço tratamento médico e tenho que sair cedo, para sair com o meu marido. Se eu aio à tarde, passo por dentro de uma igreja que têm atrás da minha casa, para evitar passar nessa rua. Tem vândalos, gente jogando lixo e até homem pelado já foi visto aí dentro”, conta Maria das Graças.