O presidente da ABCG (Associação Beneficente Santa Casa de Campo Grande), Esacheu Nascimento, declarou nesta terça-feira (29), em entrevista coletiva, que se a Prefeitura de Campo Grande não efetuar os repasses financeiros referentes ao contrato de prestação de serviços com a Santa Casa, insumos hospitalares para procedimentos duram apenas até a semana que vem.

Segundo Esacheu, foi devido a esta falta de repasses que a administração do hospital decidiu, na última sexta-feira (25), suspender as cirurgias eletivas – aquelas que não são de urgência ou de emergência.

Esacheu aponta que a Prefeitura teria efetuado repasses somente de junho a agosto – valor referente a R$ 4 milhões devidos mensalmente. Porém, de lá para cá, apenas R$ 2 milhões teriam sido depositados na conta do hospital: R$ 1 milhão nos últimos 15 dias e apenas R$ 1 milhão na segunda-feira (28). O dinheiro seria suficiente apenas para insumos de mais uma semana.

“A Santa Casa gasta cerca de R$ 1 milhão por mês com insumos e medicamentos. Estimamos que cerca de R$ 4 milhões a R$ 5 milhões sejam necessários para não ter desabastecimento. As quantias repassadas permitiram que acionássemos nossos fornecedores, porém, a entrega demora de 5 a 7 dias. Esperamos que, com a entrega dessas compras, possamos retomar as cirurgias”, pontuou Esacheu.

Segundo ele, a Prefeitura de Campo Grande teria destacado que os repasses à Santa Casa não ocorreram porque o Governo do Estado não teria, também, efetuado o repasse da contrapartida do Fundo Municipal. “O hospital faz semanalmente as cobranças ao município. Esperamos que o MPMS (Ministério Público Estadual) faça algo, do contrário, vamos buscar apoio judicial para recebermos o dinheiro”.

Dívida Milionária

O presidente também destacou que o pagamento dos médicos estava em atraso há três meses, também devido à falta de repasses, o que teria obrigado que a administração contraísse mais um empréstimo, de R$ 10 milhões, para pagar os salários. “Usamos esse dinheiro para os pagamentos e o que sobrou investimos em medicamentos e materiais”, apontou.

Sem repasses, insumos hospitalares duram só mais uma semana, afirma Santa Casa
Foto: Midiamax | Arquivo

Com isso, a dívida da Santa Casa já chega aos R$ 150 milhões, que seriam, conforme a administração, ocasionados por sucessivos atrasos nos repasses. Atualmente, o Hospital aguarda repasse de quase R$ 19 milhões – R$ 8,7 milhões seriam devidos pelo Governo do Estado, referentes aos meses de julho, agosto e setembro.

Outros R$ 6,9 milhões são devidos pela Prefeitura de Campo Grande (também de junho, julho e agosto), além de mais de R$ 3 milhões a vencer até o próximo dia 30. Por fim, entram na conta mais R$ 6 milhões, referentes ao Plano Municipal dos Servidores, atrasado desde março. As informações foram fornecidas por Sandra Ortega, diretora financeira da Santa Casa.

Esacheu acrescentou que o MPMS ainda não teria posicionado a administração sobre abertura de procedimentos investigatórios referentes à denúncia de irregularidade nos repasses.

“Os pagamentos estão sendo feitos de forma parcial e isso vem sendo informado ao MPMS, ao governador, ao Conselho Municipal de Saúde e a todos os entes relacionados. Informamos a todos que se esses pagamentos não fossem realizados, teríamos dificuldades e poderíamos desassistir pacientes”, concluiu Sandra.