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Cotidiano

“Perdendo e perdendo”, comunidade do Jardim Noroeste vive em condições precárias

Lama dentro de casa, móveis estragados e colchões molhados por falta de cama, essas são algumas das situações rotineiras dos moradores da Comunidade Indígena Estrela do Amanhã, localizada no Jardim Noroeste. São 47 famílias que vivem em barracos improvisados, com energia e água irregular e condições precárias de saneamento básico. A fundadora e líder da […]
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Foto: Henrique Arakaki
Foto: Henrique Arakaki

Lama dentro de casa, móveis estragados e colchões molhados por falta de cama, essas são algumas das situações rotineiras dos moradores da Comunidade Indígena Estrela do Amanhã, localizada no Noroeste. São 47 famílias que vivem em barracos improvisados, com energia e água irregular e condições precárias de saneamento básico.

A fundadora e líder da comunidade, Dalva Cárceres, a situação não é causada pelas chuvas recentes e sim pelos anos em que resistem no local, sem nenhum amparo do governo. Ela comenta que desde que o espaço foi liberado, em 2009, existe a promessa de regularização da situação. “Nesse esperar, já fazem dez anos que estamos nessa situação”, comenta.

A líder diz que o desabamento que ocorreu na segunda-feira (02) era o lar de três crianças, que estavam junto com a mãe no momento da tragédia. “Só não aconteceu morte ainda porque Deus cuida por nós, mas na verdade a gente tem o poder público que pode fazer algo por nós e é nosso direito, mas não está acontecendo na prática”, fala com indignação.

Dalva informou que o terreno não é regularizado, ou seja, nem os órgãos públicos possuem a documentação do espaço que foi cedido para a comunidade. Ela explica que essa instabilidade deixa os moradores presos em construções de barracos, já que se fizerem casas de alvenaria, correm o risco de perderem com os projetos futuros. “Nós pedimos para o secretário da Emha, o senhor Eneas que ele venha e resolva nossa situação”.

 

Problemas diários

O chão de terra vermelha tem caminhos por todos os lados, em que correm águas de cores escuras e mau odor, são elas o próprio da comunidade, um dos problemas recorrentes, segundo Dalva. “O tanto de bactéria que tem nessa água acaba passando para as crianças e eles brincam aqui mesmo, é o que tem, é onde vivem”, lamenta enquanto ajuda a neta a pular uma das valas de esgoto.

"Perdendo e perdendo", comunidade do Jardim Noroeste vive em condições precárias
Crianças correm em meio ao esgoto.
Foto: Henrique Arakaki

Outro problema diário são as quedas de energia e o perigo das fiações que beiram o teto dos barracos. Uma moradora disse que a comunidade não consegue manutenção da nestas situações. “Eles não arrumam, porque falam que a gente não paga e não tem direito. Os próprios moradores que acabam correndo risco para ir arrumar”, diz apontando para um poste alto que se ramifica em pelo menos dez fios finos e cheios de remendo.

As casas são feitas de materiais como madeira e plástico, que quando desmoronam ou precisam de reforma, acabam ficando entulhados pela comunidade. Tânia Mara, uma das moradoras, disse que em época de umidade alta os escorpiões se alastram e acabam entrando nos barracos, situação perigosa para as várias crianças que moram ali.

A fundadora da comunidade relata ainda casos de infestação de formigas, que já chegaram a ficar um dia inteiro em um dos barracos, impossibilitando os moradores de dormirem no local. “A gente também pede para mandarem um caminhão, para fazer uma limpeza mesmo, porque isso aqui [os entulhos] o caminhão de lixo não leva”.

A perda do que não existe

Luciane Almeida é dona do lar de seis crianças que vivem em um barraco junto com ela e o marido, desde que a comunidade foi criada. Na chuva mais recente ela perdeu a máquina de lavar, mas conta que já perdeu roupas, colchões e até mantimentos com os alagamentos. “A gente já não tem e o que tem acaba perdendo”, fala com suspiro enquanto varre parte da lama que estava na casa.

"Perdendo e perdendo", comunidade do Jardim Noroeste vive em condições precárias
Telhado do barraco novo de Eliziane.
Foto: Henrique Arakaki

No barraco de Luciane, com dois cômodos, há apenas uma cama para dormir. As crianças dormem em colchões no chão, que quando chove, acabam pegando umidade. “Na chuva o que a gente tem pra colocar são apenas cobertas”.

Uma das filhas dela possui bronquite e asma, a menina de seis anos tem crises constantes devido as condições em que mora. “Sempre dá febre nela e é complicado, porque a gente têm que sair correndo com ela para o 24h, isso quando temos condições”, comenta sobre a dificuldade de levar a filha ao médico.

Alguns metros de distância dos entulhos que sobraram do desabamento, Eliziane Batista começa a montar seu novo barraco. A construção que já estava quase finalizada no momento da reportagem foi iniciada após a casa anterior vir por água abaixo.

Eliziane lamenta não ter salvo nada dos pertences. “Estava chovendo na hora, não deu”, lembra da mudança forçada que fez. No momento do desabamento ela e três crianças estavam no barraco, ninguém ficou ferido, mas nos escombros ainda é possível ver brinquedos e sapatos de crianças.

Serviço

A comunidade está aceitando mantimentos, roupas e produtos de higiene. Além disto outras formas de doação podem ser realizadas diretamente com as responsáveis.

Dalva Cárceres: 67 9 9114 – 7763.

Tânia Mara: 67 9 9128-1328.

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