Juíza Elizabete Anache é empossada desembargadora de Mato Grosso do Sul

Assessoria A sexta mulher a compor a mais alta Corte de Justiça do Poder Judiciário sul-mato-grossense foi empossada como desembargadora, nesta quarta-feira (23), em sessão solene presidida pelo Des. Divoncir Schreiner Maran. Com um discurso singelo, que emocionou muitos dos presentes, a agora Desa. Elizabete Anache contou um pouco de sua história de vida e […]

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Assessoria

A sexta mulher a compor a mais alta Corte de Justiça do Poder Judiciário sul-mato-grossense foi empossada como desembargadora, nesta quarta-feira (23), em sessão solene presidida pelo Des. Divoncir Schreiner Maran.

Com um discurso singelo, que emocionou muitos dos presentes, a agora Desa. Elizabete Anache contou um pouco de sua história de vida e apontou os compromissos que pretende assumir com o novo cargo, no que ela chamou de uma espécie de carta de intenções.

Ela reverenciou a memória do Des.Manoel Mendes Carli, que faleceu há pouco mais de 60 dias, deixando enorme lacuna na magistratura sul-mato-grossense. Outro a ser lembrado com carinho foi o Des. Elpídio Helvécio Chaves Martins, de quem Elizabete foi assessora e sempre que a tratou com doçura e generosidade ímpares, despertando nela vocação para a magistratura.

“Sempre me preocupei com a falta de efetividade das decisões, com a “sentença de papel”, que encerra o processo, mas não o problema das partes. E me incomoda sobremaneira a morosidade na solução dos conflitos. Minha vida funcional foi sempre focada em combater esses problemas: no início, trabalhando de forma intuitiva e depois, ao perceber que o bom funcionamento da justiça depende de gestão. Rendo minhas homenagens aos colegas que pensam e agem com os mesmos propósitos, dedicando-se à causa da boa gestão judiciária, muitas vezes abdicando do descanso ou do lazer em prol do atingimento de metas e redução de acervo. A judicatura não é uma tarefa simples. É necessário trabalhar com presteza, qualidade e ainda fazer justiça. O magistrado não consegue agradar as duas partes ao proferir uma sentença.  Daí o peso da toga que enverga”, disse ela.

Antes de encerrar, a desembargadora destacou as inovações e o crescimento do Poder Judiciário de MS, fez uma breve análise sobre o momento pelo qual atravessa o Poder Judiciário e seus integrantes, quando estes são severamente criticados, e garantiu: o magistrado não é um simples servidor do povo, é um servidor da lei, que não deve curvar-se a pressões. Ela agradeceu ao Des. Divoncir Schreiner Maran, Presidente do TJMS, pela acolhida; e dedicou o momento aos familiares e a todos que fizeram parte de sua trajetória.

Primeira juíza a alcançar a função de desembargadora pelo critério merecimento, ela endereçou  um agradecimento especial às magistradas deste Estado, a quem chamou de verdadeiras fortalezas, íntegras e corajosas, capazes de enfrentar todos os desafios que lhes são postos.

“A todas elas asseguro que não medirei esforços para honrar a trajetória construída por elas ao passar a  integrar esta Corte. Ao concluir, permito-me dizer que tomo posse no cargo de desembargador com o mesmo espírito que assumi como juíza substituta neste mesmo plenário em 1º de fevereiro de 1994, com o compromisso de continuar a preservar a autoridade da ordem jurídica, coerente com a minha trajetória de vida. E repito: passarei por este caminho somente uma vez, portanto todo o bem que eu puder fazer, devo fazê-lo agora. Não devo adiá-lo nem negligenciá-lo, pois não passarei por este caminho novamente. Muito obrigada”.

Recepcionar a nova desembargadora, em nome do Tribunal de Justiça, foi responsabilidade do Des. Dorival Renato Pavan. Ele chamou Elizabete Anache de amiga querida, reconhecendo que a posse da magistrada é uma das atividades administrativas mais importantes do TJMS, em especial nesse ocasião porque ela chegou pelo critério de merecimento, tratando-se de um evento significativo para a desembargadora empossada, seus familiares, amigos e para o Poder Judiciário de MS.

“Para esse Tribunal, a posse de Elizabete Anache reforça a certeza de que passaremos a contar com seu talento e saber jurídico incomparáveis, mercê de um valoroso trabalho desenvolvido ao longo de sua carreira. Para a nova desembargadora positiva-se um misto de alegria, mas também de inquietação em razão dos novos e grandes desafios que aqui a esperam. Temos certeza que serão facilmente superados por essa excepcional magistrada, qualidade que já demonstrou como membro efetiva do TRE/MS, sempre firme, segura e precisa em seus votos e intervenções”.

Segundo o Des. Pavan, Elizabete galga uma nova etapa da vida, agora mais forte, madura, experiente, sabia e mais resiliente. Respeitada, honrada, culta, profícua, rápida na prestação funcional de qualidade, junto a seus colegas, advogados, membros do MP, advogacia pública, defensoria, procuradorias e colaboradores que com ela laboraram, detentora da técnica do processo, do conhecimento jurídico, da aura de humildade que marca os grandes nomes da história, foram alguns dos predicados que Pavan utilizou para falar sobre a nova colega de toga.

“O TJMS a recebe carinhosamente e tem imenso orgulho de tê-la em nosso Sodalício, mercê de sua experiência e qualificação profissional, levando consigo a probidade e a honestidade de uma mulher que, pelo brilho e fulgor de sua carreira profissional, serve de exemplo a todos quantos exercem essa difícil tarefa, que é a de judicar”.

O presidente da OAB/MS, Mansour Elias Karmouche, destacou que a escolha da juíza Elizabete Anache é um momento feliz do TJMS e, para esclarecer a afirmação, apontou que o país atravessa importantes transformações históricas e que a escolha da notável magistrada enriquece o colegiado.

“Elizabete Anache dispensa elogios. Todos que a conhecem são unânimes em associar seu nome às palavras competência, inteligência, altivez, honestidade e coerência. Ser humano de altíssima qualidade, uma personalidade cuja admiração é compartilhada por seus pares, servidores e pela classe de advogados do nosso MS”.

Karmouche lembrou que muitos afirmam que indicar mulheres para postos importantes das instituições é um modismo exigido pelos tempos modernos e confessou que não compartilha dessa visão equivocada. Para ele, não há lugares de homens e mulheres: há lugar para o mérito, para a criatividade, para o esforço, dedicação e coerência.

“Louvo a chegada da Desa Elizabete Anache a essa Corte de Justiça. Temos a certeza de que, com sua experiência e sabedoria, ela nos ajudará e, à sua maneira, fará do pouco o muito; do essencial o fundamental, do pequeno o grande, do individual a grandeza do coletivo. Saudações, desembargadora. Sucesso nessa nova jornada de sua vida”.

Em nome do Ministério Público falou o Procurador-Geral de Justiça, Paulo Cézar dos Passos. Ele lembrou do Des. Manoel Mendes Carli, falou da excelência da justiça de MS, lembrou do tempo em que ele e a Desa Elizabete estudaram juntos e estagiaram em um escritório de advocacia.

“Inteligente, obstinada, justa, estudiosa, responsável, amiga e uma série de outras qualidades que trazia consigo e marcaram-me profundamente. Lembro-me da garra e determinação para os estudos, experiências profissionais e jurídicas, que decerto contribuíram para sua vasta cultura e formação humanística”.

Passos citou Nelson Mandela para dizer que sonha com o dia em que todos levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos, lembrou que o Brasil é um país de desigualdade e o foco do do Poder judiciário não pode outro senão os jurisdicionados.

“O Ministério Público de MS tem a absoluta convicção que V. Excia, sexta mulher a integrar o TJMS e a primeira a ser promovida por merecimento – juntamente com os demais desembargadores que compõem esta Corte, continuará a honrar a justiça do Estado de Mato Grosso do Sul. Seja feliz!”.

Representando a magistratura sul-mato-grossense, a vice-presidente da Associação dos Magistrados de MS (Amamsul), Denize de Barros Dodero, lembrou que a escolha da primeira magistrada para o cargo de desembargadora, pelo critério de merecimento, já seria motivo suficiente para comemoração e verdadeiro marco na história do nosso Poder Judiciário.

“Mas essa conquista tem uma conotação ainda mais especial, pela referência a uma juíza que representa uma verdadeira instituição em nosso meio jurídico, com uma trajetória irrepreensível e dotada dos mais qualificados princípios profissionais, éticos e morais. Esse o motivo da solenidade de hoje representar não somente os sonhos e esperanças do porvir, mas a celebração e consolidação de quem já é, de quem conhece e realiza o seu propósito, tanto na carreira, como em todas as nuances de sua individualidade!, disse ela.

No entender de Denize, em razão dos mais altos valores que Elizabete Anache representa, personifica e inspira, todo o primeiro grau do Poder Judiciário de MS toma posse juntamente com ela.

“Receba nosso respeito, lealdade, admiração, orgulho e amizade. Pela nossa Amamsul, desejamos todo sucesso, sabedoria e serenidade, que Deus continue abençoando e iluminando seus caminhos. Mas, acima de tudo, que a felicidade esteja presente, o riso seja constante e a fé sua companheira, afinal, parafraseando Fernando Pessoa: Tudo vale a pena/ Se a alma não é pequena./Quem quer passar além do Bojador/ Tem que passar além da dor./ Deus ao mar o perigo e o abismo deu,/ Mas nele é que espelhou o céu….”. Parabéns querida Betinha… por hoje, por sempre!!”, cumprimentou.

Prestigiaram a solenidade de posse juízes da Capital e do interior, juízes e desembargadores aposentados, a Procuradora-Geral do Estado, Fabíola Marquetti S. Rahim; o presidente da Assembleia Legislativa, Junior Mochi; o prefeito Marcos Trad; o presidente do TRT da 24ª região, Des. Nicanor de Araújo Lima; o Corregedor-geral do TEC/MS, Ronald Chadid; a segunda Subdefensora-geral da Defensoria Pública, Angela Rosseti Chamorro, além de outras autoridades civis e militares.

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