Olhares atentos e curiosos. Desconfiados, eles contemplam maquetes e modelos de sistemas intrigantes, que grande parte nunca viu ou ouviu falar. Alguns são mais ousados, e questionam os expositores sobre a origem daquelas criações. Logo, filas imensas se formam e todos ficam envolvidos em explicações sobre aquelas engenhocas.

Assim foi a tarde de crianças de escolas públicas que participaram hoje (25) da abertura da segunda edição da feira de ciências Pesquisadores do Futuro, em Brasília. Voltada para alunos do ensino fundamental, a feira aborda o universo das pesquisas, ciência, tecnologia e inovações. E eles mergulham de cabeça na experiência.

Para Nathália Ribeiro Mangabeira, aluna da escola municipal Fernando Sabino, que teve o primeiro contato com um óculos de realidade virtual na feira, a experiência será inesquecível. “Eu usei um óculos para aprender muitas coisas sobre plantas. Eu já tinha visto [óculos de realidade virtual] no shopping, mas nunca tinha brincado. Vou ser cientista, porque quero ensinar a natureza para crianças do mesmo jeito que aprendi hoje”, relata a estudante.

Já Gabriel dos Santos Faria, aluno da Escola Classe 17 do Gama, acha que o meio ambiente deve ser protegido a qualquer custo. “Quem maltrata a natureza é um ser humano ruim. Eu queria que essas pessoas não existissem”, afirma o menino de 11 anos entre uma atração e outra.

O coordenador do projeto, Warley Nascimento, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa (Embrapa) – empresa organizadora do evento -, acredita que a consciência ambiental e alimentar começa na educação fundamental. “Ensinamos ciência, mas também mostramos a importância de se alimentar corretamente, sem ultraprocessados, e de evitar o desperdício. Essas crianças vão levar a experiência de conhecer o plantio de pequenas hortas para os pais, e assim criamos a curiosidade e o interesse em formas mais sustentáveis e divertidas de se alimentar”, afirma.

Lição também para adultos

As maquetes e modelos da feira não são apenas para exposição. O pesquisador de mudanças climáticas globais Carlos Eduardo Pacheco Lima montou, com sua equipe, uma mini estação de tratamento de simples, voltada para comunidades isoladas. “Uma criança que mora na zona rural e não tem saneamento público na residência pode voltar para casa e ensinar ao pai como fazer um saneamento simples. Isso se encaixa no cotidiano de várias dessas crianças. Elas terão consciência e saberão a importância da engenharia e da ciência necessárias para se construir uma cidade”, explica o pesquisador.

Carlos Eduardo deixa um recado claro: “tem muitos adultos que poderiam entender melhor como se dá a nossa interação com o ambiente, tanto rural quanto urbano, e tirar lições disso. Alteramos nosso meio ambiente sem achar que estamos influenciando, e essa é uma visão equivocada”, conclui.

Gibis educativos

O evento receberá amanhã (26) uma visita de peso. Maurício de Sousa, criador da Turma da Mônica, lançará um gibi especial de conscientização ambiental e sobre boas práticas em agricultura e ciência. A feira, que acontece na sede da Embrapa em Brasília, vai até dia 29 de novembro, e a entrada é livre. Escolas públicas do e entorno devem levar cerca de 5 mil estudantes para o evento.