A concessionária que administra a distribuição de água em Campo Grande anunciou que vários bairros passarão por racionamento de água nos próximos dias. Com isso, a população mais carente, que mora em bairros afastados da cidade, enfrentam o período de 18 horas sem água.
Os moradores do Vespasiano Martins, antiga população das favelas Cidade de Deus, afirmaram ao Jornal Midiamax que foram pegos de surpresa no último final de semana quando a água sumiu da torneira ‘de uma hora para outra’.
A dona de casa, Aline Pereira de Lima, de 28 anos, é mãe de três filhos, sendo o mais novo, um bebê de quatro meses. Ela disse que está precisando escolher entre tomar água gelada ou usar as garrafas d’águas da geladeira para dar banho nos filhos.
“Para não deixar o bebê sem banho, eu pego a água da geladeira e esquento para dar banho nele. É um absurdo, a gente paga a conta certinho, não podem deixar a gente nessa situação”, comentou, acrescentando que, sem água, ela não consegue cozinhar a comida para almoço ou jantar.

O carpinteiro Paulo Sérgio dos Santos, de 30 anos, disse que ligou para a central de atendimento da Águas Guariroba e foi informado que a medida era pontual e que logo seria resolvida. No entanto, o racionamento já estava em operação. “Disseram que aqui o cronograma seria esse. Teríamos água somente entre 7h e 13h. Depois daí, água só no outro dia”, afirmou o morador.
Mesmo pagando em dia os R$ 380 da conta de água, Suzana Castanheira Divino, de 36 anos, comentou que a medida escolhida pela empresa de cortar a água do bairro por 18 horas é injusta. “Se a gente faz gato na água, cortam. Se a gente atrasa, cortam. Agora a gente paga em dia, certinho, cortam. Não dá para entender”, disse a dona de casa, que cuida de dois filhos, três sobrinhos e do pai, um idoso d 75 anos.

Não só os moradores do Vespasiano Martins ficaram sem água no fim de semana. A população do Jardim Caiçara também penou com a seca repentina. Dependendo da água na torneira de casa para conseguir produzir salgados para vender, Elisa Rosa, de 50 anos, está preocupada em como ficará a renda nos próximos dias.
“Sem água não tem como lavar as coisas [materiais para o preparo]. Minha caixa d’água é pequena demais para armazenar a água. Sem luz até dá para ficar, mas sem água, não”, declarou.
Escola sem água
A falta de água também atingiu a Escola Municipal Nagen Jorge Saad, no Bairro Tijuca, em Campo Grande. Um caminhão-pipa precisou ser acionado para abastecer a escola. Conforme pais de alunos, as crianças estariam passando sede nesta tarde devido ao forte calor na Capital, que chegou a 39°C. A Semed confirmou o problema.
Racionamento de água
A empresa Águas Guariroba enviou nesta terça-feira (10) comunicado no qual afirma que o fornecimento de água em Campo Grande poderá ficar comprometido em alguns momentos do dia. De acordo com a nota, o racionamento ocorrerá devido a estiagem.
A empresa orienta que consumidores façam uso consciente de água durante o período, “utilizando as reservas das caixas d’água principalmente para atividades essenciais”. A nota traz, ainda, que as altas temperaturas fazem “com o que o consumo de água aumente muito”.
Nas últimas semanas, dezenas de denúncias de fornecimento de água em algumas regiões da cidade foram recebidas pelo Jornal Midiamax. Segundo eles, a justificativa para a interrupção informada pela concessionária seria manutenção dos sistemas de fornecimento.