Com pelo menos 10 viaturas de resgate quebradas no pátio do (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) no bairro Pioneiros, em , o atendimento de urgência aos moradores da cidade, que já está comprometido, pode ser suspenso a qualquer momento por falta de veículos nas ruas da cidade. E quem faz o alerta são os próprios servidores.

O problema, denunciado por servidores, já dura três semanas e vem se agravando nos últimos dias. Quem trabalha no serviço teme a ocorrência de uma tragédia e diz que se isso acontecer as vítimas não terão o atendimento adequado. “Se tiver uma tragédia em Campo Grande, vai ser um desastre [o atendimento]”, afirmou um servidor que atua no serviço e pediu para não ser identificado.

Segundo funcionários ouvidos pela reportagem do Jornal Midiamax, o correto é atuar com 12 ambulâncias, três de suporte avançado – usadas para casos mais graves – e nove unidades básicas. Nesta segunda-feira (9), havia apenas três carros operando. “Hoje estamos com uma ambulância básica e uma avançada”, afirmou o servidor.

Entre os problemas mais comuns na frota que está parada, estão viaturas sem para-choque, sem freio e com avarias nas portas. “O Samu está sucateado”, disse o funcionário ao Jornal Midiamax.

Atualmente, o Samu teria apenas uma viatura avançada e uma unidade básica para atender as ocorrências diariamente. “Parece que as autoridades não estão muito preocupadas com a população, porque essa situação já está assim por muito tempo”, comentou o servidor, afirmando que o Samu conta com a ajuda do Corpo de Bombeiros para atender as demandas que chegam na central de regulação e que ainda sim, acaba sobrecarregado ambas as equipes.

Sem veículos para atender a todas as chamadas, cabe aos médicos reguladores escolher quem terá a prioridade no atendimento. “Eles fazem a triagem da gravidade através do telefone. A população precisa saber o motivo de não atendermos a todas ocorrências”, afirma outro funcionário que também pede para não ter a identidade revelada.

Manutenção

Sem manutenção, as ambulâncias se deterioram rapidamente. “[As viaturas] Andam mais de 300 km por dia e não tem uma manutenção preventiva, quando vai para a oficina já é tarde”, afirmou o servidor.

A reportagem do Jornal Midiamax foi até a base do SAMU localizada na Rua Casa Paraguaia, no Bairro Pioneiros, e flagrou diversas viaturas encostadas, sem condições de circular. No local, ninguém quis conversar com a reportagem.

Recorrente

Segundo funcionários ouvidos pela reportagem, a demora na manutenção e a precariedade da frota não chegam a ser uma novidade na base do Samu. Até os moradores estão acostumados a ver viaturas paradas.

Uma moradora que passava pelo local comentou com a reportagem que as viaturas estão paradas ali há quase um mês e que movimentação é sinônimo de raridade por ali. “É comum ver elas [viaturas] paradas ali. Eu que moro aqui perto vejo que é muito difícil ver saindo daí do pátio”, pontuou a mulher que não quis se identificar.

A assessoria de imprensa da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) foi contatada, e confirmou que apenas duas viaturas básicas e uma avançada estão operando. Leia a nota:

“Para solucionar o problema, o SAMU 192 Campo Grande solicitou a reposição de 9 viaturas por meio do termo de “desfazimento” junto ao Ministério da Saúde e outras 4 viaturas atendem os pré-requisitos do termo: mais de 5 anos de uso ou a manutenção excede o valor de mercado da viatura. O Ministério da Saúde é o único e exclusivo órgão para compra de viaturas do serviço SAMU 192. Sendo assim, o município informou ao órgão federal a necessidade existente e aguarda a liberação de novas viaturas, em substituição às que estão no termo de “desfazimento” e/ou que atendam os pré-requisitos”.

Além disso, foi detalhado que no mês de junho, foram realizados 2800 atendimentos com a viaturas de suporte básico e outros 700 atendimentos com viaturas de suporte avançado. Ainda não é possível informar o balanço de atendimentos realizados no mês de julho. Em junho, as viaturas rodaram pouco mais de 55 mil Km, dentro da média mensal.

“Para operacionalizar o atendimento, as viaturas estão em processo de manutenção, com previsão variável para reintrodução à frota, devido a complexidade dos consertos que são necessários, bem como o cumprimento da legislação vigente, que obriga  contratação por meio de ritos burocráticos, para que não seja cometida improbidade administrativa. Além disso, a SESAU implantou o serviço de transporte de pacientes intrahospitalar, que são os casos que precisam ser transferidos das UPAs/CRSs para os hospitais. Este serviço desafoga as viaturas do SAMU 192, que ficam exclusivas para atendimento primário de urgência”, finaliza nota.

Confira a galeria de imagens registradas e vídeo feito pela reportagem fotográfica do Midiamax:

*Matéria atualizada ás 18h30 para acréscimo de informação