Suspensão traz alívio entre indígenas e clima de tensão melhora em Caarapó
Fazendeiros lamentam liminar que suspendeu a reintegração
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Fazendeiros lamentam liminar que suspendeu a reintegração
A decisão pela suspensão da reintegração de posse Terra Indígena Dourados-Amambaipegua I, marcada para a manhã desta segunda-feira (9) em Caarapó, trouxe alívio para os cerca de cinco mil indígenas de etnia Guarani-Kaiowá que habitam duas comunidades alvo da reintegração. O maior temor era de que um novo banho de sangue – aos moldes do ocorrido em junho de 2016, o agente de saúde indígena Clodiodi Santos foi assassinado – voltasse a acontecer.
O indígena Simão Norivaldo, porta-voz da comunidade Guapo’y, conta que a PF (Polícia Federal) chegou ao local pela manhã, quando in loco foi informada da suspensão da liminar pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
O coordenador regional da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Dourados, Fernando da Silva Souza, confirmou que o clima de tensão instalado desde ontem melhorou e que não há ameaças por parte dos fazendeiros. “Agora melhorou, só não está calmo porque o processo [de reintegração] não foi encerrado ainda. Tudo pode acontecer, não é porque não houve ação que não haja temor”, diz.
Outro lado
Para os proprietários das terras ocupadas, entretanto, o sentimento é de revolta, conforme revelou Antônio Umberto Maran, presidente do Sindicato Rural de Caarapó. “É um sentimento de indignação. A liminar poderia ter sido comunicada antes. Houve todo um aparato do dono da fazenda, que gastou cerca de R$ 10 mil com ônibus, alojamento e alimentação. Isso implica em muita coisa”, aponta.
O Sindicato Rural destacou, ainda, que advogados dos fazendeiros ainda tentam reverter a liminar expedida pelo STF. “É uma situação lamentável, A gente perde a esperança de que esse problema vá se resolver”, aponta. Segundo Maran, o sindicato não deverá se pronunciar oficialmente – uma nota de repúdio chegou a ser cogitada, mas a diretoria optou por silenciar.
Comunidades
No acampamento Guapo’y, há cerca de 30 famílias que ocupam uma área de 156 hectares, que faz parte do tekoha Tey’i Kue, na Terra Indígena Dourados Amambaipeguá I, em Caarapó.
“A Tey’i Kue foi demarcada com 3.750 hectares e a aldeia tem 3.594 hectares. Estamos ocupando o resto de terra que é nossa por direito”, destaca Norivaldo. O outro acampamento que teve o despejo marcado, o tekoha Jeroky Guasu, estaria dentro da Terra indígena Amambai-Pegua I.
Diante da suspensão da reintegração, as comunidades afirmaram que deverão se reunir para discutir e avaliar o cenário e as variáveis decorrentes da suspensão. A ideia de resistir na permanência na terra sagrada, no entanto, não deve recuar.
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