Moradores de Caarapó querem a mesma “atenção” que a PM dá a fazendeiros

A mobilização de grande aparato policial ostensivo em Caarapó (cidade a 280 quilômetros) após a tensão entre indígenas e funcionários de fazendeiros, no último domingo (24), chamou a atenção dos moradores da cidade. Em bairros mais distantes do Centro, a população reclama da segurança pública e diz que a grande quantidade de policiais militares no local […]

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A mobilização de grande aparato policial ostensivo em Caarapó (cidade a 280 quilômetros) após a tensão entre indígenas e funcionários de fazendeiros, no último domingo (24), chamou a atenção dos moradores da cidade. Em bairros mais distantes do Centro, a população reclama da segurança pública e diz que a grande quantidade de policiais militares no local “é só para coisa de fazendeiro”.

O conflito entre índios e funcionários de fazendeiros ocorreu no último domingo. Informações preliminares eram de uma nova retomada dos indígenas na Fazenda Santa Maria, mas o caso seria de uma suspeita de roubo na fazenda que terminou com o acionamento de grande efetivo militar do Estado. Foram deslocados militares do Batalhão de Choque, Força Tática e DOF (Departamento de Operações de Fronteira) à região. Um helicóptero o comandante da Polícia Militar e o secretário de segurança foram até à comunidade. Os indígenas negam qualquer roubo no local.

No bairro Shalon, região de periferia de Caarapó, na saída para Laguna Caarapã, os moradores dizem que a cidade já teve dias mais tranquilos e que gostariam que os policiais militares tivessem mais presença na cidade para coibir a onda de assaltos que está incomodando quem vive por ali.

“A cidade está crescendo e que já não é mais tranquila como antigamente. Essas ruas aqui são as que mais têm assaltos na cidade, diz Edna Correia de Oliveira, 27 anos. Junto com a vizinha, Aparecida da Cruz, 31 anos, elas contam que as casas são alvos frequentes de ladrões.

“Tem assalto direito e são os próprios moradores da cidade que fazem esses roubos. Não podemos deixar as casas sozinhas que já entram. Só no caso da relojoaria e agora dos Correios, é que gente de fora. A polícia que foi na fazenda poderia vir para cá também. Poderia ter mais policiamento e mais rondas para evitar os assaltos”, diz Aparecida.

Os moradores do bairro comentam que não há postos de policiamento próximo e que a Polícia Civil ainda se mudou recentemente para um prédio ainda mais longe deles.

O casal Karina da Costa Pereira, 27 anos e Jefferson da Silva, 28 anos, também mora no mesmo bairro e comenta que a presença da polícia militar fazendo rondas pode ser considerada frequente, mas, que isso não tem impedido a criminalidade.

“Esse pessoal (policiais militares que foram à área disputada por indígenas e fazendeiros) todo não fica aqui na cidade não. Até tem policiamento, eles passam bastante, mas, também tem muito roubo aqui. Se sair e deixar essas cadeiras aqui, vão levar. Deixou para fora, levam mesmo. É assim aqui”, diz Karina.

Segundo a moradora, recentemente a casa dela foi invadida durante a noite e a Polícia Militar acionada, mas não compareceu ao local.

“Liguei desesperada, mas não vieram. Tive que ligar para a minha prima vir aqui. Agora, quando acontece coisa de fazendeiro, eles vêm”, comenta Karina.

*A reportagem do Jornal Midiamax está em Caarapó acompanhando os acontecimentos

Prisão de idoso de 70 anos

Após três dias do confronto entre índigenas da etnia guarani-kaiowa e funcionários de fazendeiros, em Caarapó (cidade a 280 quilômetros de Campo Grande), o clima é de calmaria nesta quarta-feira (29). Embora tranquilos, os indígenas reclamam da prisão de Ambrósio, idoso de aproximadamente 70  anos, na data da confusão.
Os indígenas – que terão as identidades preservadas, pois afirmam ser ameaçados – dizem que se o idoso não retornar até o meio-dia de quinta-feira, vão começar a se mobilizar. Familiares dele disseram ao Jornal Midiamax que não puderam vê-lo, e há somente informações que eles tiveram pela Funai.
“Se não voltar até amanhã (quinta-feira), vamos mobilizar as aldeias daqui. Nove ‘tekoha’ e os Guarani-Kaiwá de todo o Estado. Ele tem parentes em Amambai que já estão sabendo”, diz uma das indígenas.

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