No Dia de Finados, saudade, apoio e oportunidades de renda levam milhares a cemitérios

  Milhares de campo-grandenses dedicam esta sexta-feira (2), Dia de Finados, para visitar entes queridos que já faleceram. A estimativa da Prefeitura é que cerca de 170 mil pessoas desloquem-se aos três cemitérios municipais ao longo do dia, levando não só a saudade, mas orações, apoio e também a oportunidade de uma renda extra. Em […]

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Milhares de campo-grandenses dedicam esta sexta-feira (2), Dia de Finados, para visitar entes queridos que já faleceram. A estimativa da Prefeitura é que cerca de 170 mil pessoas desloquem-se aos três cemitérios municipais ao longo do dia, levando não só a saudade, mas orações, apoio e também a oportunidade de uma renda extra.

Em frente ao Santo Amaro, uma multidão estava formada já nas primeiras horas da manhã. Dezenas de comerciantes disputavam o restrito espaço das calçadas para a venda de flores de plástico, velas e fósforo. Barracas com venda de alimentos também são vistas, assim como vários grupos religiosos que oferecem palavras de conforto, orações e até abraços.

“Nossa proposta é levar a palavra de Jesus a essas pessoas que estão sofrendo, fazer uma oração, oferecer um consolo”, conta a funcionária pública Luiana Oliveira, de 27 anos.

Ela está no local com um grupo de integrantes da Igreja Quadrangular, que estreia este ano em ação social durante o Dia de Finados, empunhando cartazes com dizeres de acolhimento, oferecendo companhia para orações e distribuindo abraços de conforto a quem sofre com a falta de quem se foi.

No Dia de Finados, saudade, apoio e oportunidades de renda levam milhares a cemitérios
Grupos religiosos oferecem amparo, companhia para orações e até abraços (Foto: Minamar Junior | Midiamax)

Saudade há 32 anos

No Dia de Finados, saudade, apoio e oportunidades de renda levam milhares a cemitérios
Para Antônia Bernadino, pais falecidos há bastante tempo fazem muita falta (Foto: Minamar Junior | Midiamax)

Dona de casa e casada, Antônia Bernadino, de 60 anos, chegou bastante cedo ao Santo Amaro e por volta das 8h40 já fazia o caminho para casa.

“Meu pai faleceu há 32 anos e minha mãe há seis. A gente não consegue esquecer. Tanto que venho aqui várias vezes ao ano, não só no Dia de Finados. Faço minhas homenagens, minhas orações. Quando partiram a gente estava tudo criado, casado, encaminhado, mas é incrível como fazem falta”, afirma.

Bernadino também destacou a limpeza e organização do cemitério nesta sexta-feira. Na última semana, a Prefeitura disponibilizou equipes de manutenção às três unidades municipais. Instalou banheiros químicos e reforçou o atendimento para orientação aos visitantes.

Em meio a multidão, a figura do engenheiro agrônomo Ari Fialho, de 73 anos, também se destaca. Ele afirma ter chegado acompanhado dos membro da igreja na qual professa a própria fé, para dispensar palavras de conforto aos visitantes.

No Dia de Finados, saudade, apoio e oportunidades de renda levam milhares a cemitérios
Ari Fialho faz orações no Cruzeiro para parentes sepultados no Rio Grande do Sul (Foto: Minamar Junior | Midiamax)

“Mas, não tenho familiares enterrados aqui, por mais que já viva em Campo Grande há 38 anos. Eles estão sepultados no Rio Grande do Sul. Hoje fiz algo que faço todos os anos, vim para cá com meus amigos, fizemos orações e depois parei no Cruzeiro para orar pelos meus familiares que já partiram”, conta.

Nesta data, Cruzeiros dos cemitérios tornam-se “ponto de peregrinação”, nos quais quem está distante do túmulo de seus falecidos se ampara na crença de que lá as orações são encaminhadas a quem descansa em outros lugares.

Renda extra

Visitas motivada pela saudade e respeito a quem já partiu contrasta, no entanto, quem planeja o dia santo para faturar uma renda extra. Ambulantes marcam o Dia de Finados em todos os cemitérios da cidade e, de certa forma, promovem cores – das flores de plástico – ao cenário cinzento e terroso dos cemitérios municipais.

Há nove anos no ramo, a dona de casa Marilda Cordeiro, de 47 anos, investe na venda de flores de plástico nesta data, cujo preço varia de R$ 10 a R$ 15. “Nem estava tão empolgada esse ano e só trouxe 80 vasos de flores. Mas está quase acabando, me arrependi. Fiquei surpreendida porque as de R$ 15 venderam bem mais rápido. Só tenho estas que estão expostas”, conta a ambulante.

No Dia de Finados, saudade, apoio e oportunidades de renda levam milhares a cemitérios
Ambulantes conseguem lucrar com venda de flores, velas e fósforos no Dia de Finados (Foto: Minamar Junior | Midiamax)

Próximo dali, a vendedora de hot-dog Val Oliveria, de 46 anos, também aproveita o Dia de Finados para mudar temporariamente de ramo e complementar renda com a venda de flores. “Trouxe mais de mil e vendi quase tudo”, afirmou à reportagem.

Assim como nos anos anteriores, a Prefeitura de Campo Grande delimitou uma área para ambulantes para que obstruções à passagem dos visitantes não ocorresse. Fiscais da Semadur (Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Gestão Urbana) promovem orientações e normatizam os espaços de ocupação, no que foi chamado de “Operação Finados”.

A força-tarefa envolve, ainda, a Polícia Municipal, a Agetec (Agência Municipal de Tecnologia da Informação e Inovação), Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) e SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social).

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