Idosa sem família vive há 3 anos em hotel incendiado
O Hotel Nacional, incendiado na tarde desta segunda-feira (10) em Campo Grande, é onde Maria Aparecida Henrique Oliveira guarda as lembranças de uma vida inteira. A viúva mora há mais de 3 anos no hotel e adotou os funcionários como parte da família. Natural de Nova Andradina, a idosa de 74 anos, foi para a […]
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O Hotel Nacional, incendiado na tarde desta segunda-feira (10) em Campo Grande, é onde Maria Aparecida Henrique Oliveira guarda as lembranças de uma vida inteira. A viúva mora há mais de 3 anos no hotel e adotou os funcionários como parte da família.
Natural de Nova Andradina, a idosa de 74 anos, foi para a Capital fazer tratamento cardíaco há 3 anos e 5 meses. Por não ter filhos e ser viúva, Maria Aparecida trouxe na mala as roupas e todas as lembranças que uniu durante a vida.
No início da tarde, a moradora do quarto 14 estava vendo televisão quando a luz acabou, mas sem se preocupar continuou deitada na cama. O recepcionista do hotel, João, bateu na porta alguns minutos depois e avisou que ela precisava subir a escada e sair do local imediatamente.
Foi do lado de fora do Hotel Nacional que Maria teve conhecimento da proporção do acidente que havia assolado a sua moradia. A viúva relatou que neste momento começou a pensar nos medicamentos, avaliados em R$ 480, que tinham ficado dentro do quarto. O alívio veio com a notícia de que o incêndio não consumiu o subsolo do estabelecimento onde ela fica alojada.
“Em 2004 meu marido faleceu e eu tenho os funcionários hoje como minha família. Fico feliz que o fogo não tenha atingido meu quarto e que também não tem feridos.”
As grandes proporções do incêndio não comprometeram o prédio e, por este motivo, o imóvel deverá ser entregue aos proprietários assim que o Corpo de Bombeiros fizer o rescaldo das chamas. A força-tarefa que será montada na limpeza do local parece não incomodar Maria Aparecida que garantiu “colocar a mão na massa” caso precise.
“Isso é o de menos, a gente deixa tudo limpinho. Eu não tenho onde morar e gosto daqui, não vou para um asilo.”
Informação preliminares são de que não há hospedes presos no hotel. Entretanto, quem estava acomodado no 2º andar teve todos os pertences consumidos pelas chamas. A princípio, a idosa não perdeu nada, mas ela garante que uma vida vale mais do que qualquer bem.
“Vão-se os anéis, ficam os dedos. Trocaria tudo se alguém tivesse sido ferido.”
Responsáveis pelo Hotel Nacional devem alugar um quarto em hotel na região para acomodar Maria Aparecida até que o prédio seja liberado para hospedagem, entretanto a viúva já avisou que não vai à lugar algum.
“Fico aqui na frente até pegar todos os meus pertences, é tudo o que tenho.”
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