A (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista) irá investigar o ‘serial killer' de animais do bairro São Francisco, em . Moradores denunciam que gatos e cachorros têm sido envenenados desde o fim do ano passado e a situação se agravou neste mês.

Os moradores não sabem ao certo quantos bichos já morreram, mas garantem que o número ultrapassa 20. Apesar do transtorno e do medo dos moradores, até então ninguém havia feito uma denúncia para a polícia. “Uma vez eu fui até a Delegacia, mas tinha toda uma burocracia. Eu acabei desistindo porque pensei que isso não traria minha cachorrinha de volta, mas sei que é errado pensar assim”, afirma a dona de casa Ramona Lacerda.

O investigador de polícia da Decat, Sérgio Ricardo, explica que não havia denúncia e que as informações chegaram à delegacia por meio da imprensa. Apesar de poucas informações, a própria delegacia abriu um Boletim de Ocorrência para começar a investigar o caso. “Agora que temos o BO, vai ser emitido uma ordem de serviço, então faremos um levantamento no local, vamos colher informações sobre o possível autor e sobre o número de animais envenenados”, explica.

Segundo o investigador, caso um morador sofra com um caso semelhante, deve recolher o máximo de provas possíveis para fazer a denúncia e para que a polícia chegue ao autor. “O correto é que venham na delegacia e façam o Boletim de Ocorrência. Que a pessoa traga o veneno, um laudo veterinário, o que for, para que a gente possa comprovar o crime”, diz. A pena para esse tipo de crime é de 3 meses a 1 ano, além de multa. Caso haja maus-tratos seguido de morte, a pena pode ser aumentada em quatro meses.

Neste sábado (28), os moradores do São Francisco pretendem se reunir para discutir o envenenamento dos animais e a Decat irá ao local para colher mais informações. Segundo moradores, a reunião é uma forma de mobilização de quem está cansado do terror contra os bichinhos. “A gente vai se reunir, tentar conscientizar que isso é muito errado e também orientar os donos que não deixem os animais saírem de casa. Além disso, quem sabe vendo esse movimento todo, esse assassino não fica com vergonha ou remorso?”, explica um morador.

Em apenas um mês, serial killer matou 14 animais em rua do bairro São Francisco
As netas de Ramona sentem falta de Mila, vira-lata e companheira das crianças. (Foto: Arquivo Pessoal)

14 mortos em julho

Apesar do envenenamento dos animais domésticos já ser um problema na vizinhança desde dezembro, foi no começo do mês de julho que a situação se agravou. A Associação Amor por Patas alega que desde o ano passado foram 23 animais assassinados por envenenamento.

O gestor de operações Anderson de Souza Lima, de 50 anos, explica que só neste mês já foram pelo menos seis cachorros e oito gatos assassinados. Anderson perdeu companheiros de mais de 10 anos, Boti e Dim. Os cachorros da raça lhasa e maltês morreram ao escapar de casa em um momento de descuido ao portão.

“O Dim era bastante esperto, sempre saía correndo quando eu abria o portão, mas voltava. Um dia ele saiu e quando voltou, faleceu dentro de casa. Temos uma veterinária que é nossa vizinha, ela explicou que o jeito que ele morreu era sintoma de envenenamento. Com o Boti aconteceu a mesma coisa”, diz.

Com medo, os donos têm evitado sair para passear com os animais, já que a maioria das mortes aconteceu quando os bichos estavam soltos na rua. Os gatos, que costumam sair mais, é que são maioria entre as vítimas. “Não foi só na rua porque achamos uma carne envenenada na calçada de uma casa certa vez, mas realmente acontece mais quando os bichos saem de casa”, explica Anderson.

A dona de casa Ramona Lacerda perdeu a cachorrinha Mila há 10 dias. “Ela deu uma saída, ela é vira-lata e gostava de escapar. O portão é cheio de tela, mas ela sempre arrumava um jeito”, explica. No dia da morte, a dona de casa viu que a cadela havia escapado e a levou para dentro de casa, mas não demorou até que os sintomas do envenenamento aparecessem.

Ramona fica apreensiva e tem medo de que as outras duas cadelas, da raça poodle, tenham o mesmo fim de Mila. “Eu tinha resgatado ela da rua há três anos, era um animal muito querido, especial. Foi um sofrimento para as minhas netas, a gente tenta respeitar e amar a natureza, os animais, isso é revoltante”.