Corte de recursos pode por fim a projeto da UFMS com pesquisa na Antártica
Um projeto da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, que faz expedições à Antártica há quatro anos para pesquisa, corre riscos de acabar. Parte do ‘Programa Antártico Brasileiro’, a universidade é uma das dez participantes e entre os pesquisadores o temor é de que o projeto pare devido ao corte de recursos.
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Um projeto da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), que faz expedições à Antártica há quatro anos para pesquisa, corre riscos de acabar. Parte do ‘Programa Antártico Brasileiro’, a universidade é uma das dez instituições participantes e entre os pesquisadores o temor é de que o projeto pare devido ao corte de recursos para a ciência por parte do Governo Federal.
Intitulado ‘Evolução e Dispersão de Espécies Antárticas Bipolares de Briófitas e Liquens’, o projeto coordenado pelo professor Paulo Câmara na Unb, estuda espécies de liquens e briófitas dos hemisférios norte e sul, com o objetivo de coletar espécies e analisar os padrões nas duas extremidades do planeta. “A gente faz comparações e tenta confirmar se o padrão é bipolar ou não. Além disso, com o aquecimento global, as áreas ocupadas por geleiras ficam livres, disponibilizando locais onde liquens e briófitas podem crescer e formar novas comunidades. É importante saber como eles se comportam com esse fenômeno”, explica o professor e coordenador do projeto na UFMS, Adriano Spielmann. Segundo o professor, liquens são resultado de uma simbiose, a união entre fungos e algas. “É uma junção elaborada, em que acaba surgindo um novo corpo”.
Spielmann afirma que a última expedição foi realizada em fevereiro e não há previsão de uma nova viagem devido aos cortes orçamentários. O pós-graduando Marcos Kitaura participa do projeto desde o início e foi um dos pesquisadores que descobriu novas espécies de liquens no local e também acredita que o programa corre riscos de acabar. “Sem apoio não tem como desenvolver a pesquisa, não houve investimento e podem cortar o que já forneciam. Nós precisamos de apoio do governo, porque contamos com a parceria da Marinha para a expedição”.
A viagem tem dois pontos de parada até a chegada ao continente de gelo. Primeiro, os pesquisadores voam até o Rio Grande do Sul para pegar equipamentos e roupas especiais, depois vão até o Chile e enfim chegam ao Arquipélago das Shetland do Sul, na Península Antártica. “A viagem acontece geralmente entre novembro e março, porque é o período de verão no continente”, diz Spielmann. Neste ano, a equipe permaneceu na Antártica por 38 dias e dois pesquisadores da UFMS participaram. Segundo o professor, nos primeiros anos participaram mais estudiosos da universidade, universidade, incluindo outros pesquisadores e também alunos de graduação, mas o corte de recursos influenciou no número de pessoas.
No projeto, participam graduandos, pós-graduandos e pesquisadores, em um processo de pesquisa que envolve a análise da morfologia, genética (coordenado pela Profa. Aline Lorenz) e química (coordenado pela Profa. Neli Honda). O professor Adriano Spielmann afirma que a Liquenologia é uma área da ciência pouco estudada e no país há cerca de 15 liquenólogos empregados. Para Marcos, participar das expedições foi essencial para sua formação. “O projeto marca bastante porque a gente está acostumado com a vegetação brasileira, conhecer a Antártica foi um privilégio, mudou meu conceito sobre a Liquenologia e sobre o continente”.
(Vídeo: UFMS)
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