Condições de trabalho também seriam insalubres

Funcionários da empresa , que atua no ramo de confecção de langerie no núcleo industrial de , paralisaram as atividades nesta quainta-feira (15) como protesto pelos sucessivos atrasos salariais e condições ruins de trabalho. De acordo com relatos de trabalhadores, os salários de janeiro ainda não foram pagos e a segunda parcela do décimo terceiro também está atrasada.

Com atraso salarial, funcionários de fábrica de calcinhas cruzam os braços

Os trabalhadores também apontam que a direção da empresa tem ameaçado trabalhadores ‘reclamões'. “Eles falam que quem achar ruim pode pedir as contas e que não adianta a gente denunciar ao Ministério Público [do Trabalho] porque daí eles vão ter que pagar multa e aí que não vão ter como pagar a gente”, explica um funcionário. “Eles também ameaçam a gente de demissão o tempo todo e dizem que vamos sair sem nada”, relata outra funcionária.

Paralisação

O protesto foi silencioso e espontâneo, sem articulação sindical, e teve início por volta das 7h, logo que os trabalhadores compareceram ao local para a jornada diária. “Disseram que pagariam ontem e nada. Então hoje nada funcionou, não deixamos nem acender as luzes. Todos os setores paralisaram. Eles falaram que se não trabalhar aí é que não entra dinheiro, mas hoje a gente cansou dessa situação. Não temos prazo para encerrar”, explica uma trabalhadora.

A reportagem buscou contato com a empresa, mas até a publicação da matéria não conseguiu estabelecer contato. O Sintivestcgms (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário de Campo Grande), que representa a categoria, também foi procurado, mas também não atendeu às ligações.

Histórico de dívidas e recuperação judicial

Atrasos salariais e condições insalubres de trabalho são relatos comuns de quem passou pela fábrica nos últimos anos. Em 2015, surgiram as primeiras reclamações por atraso de salário e outras violações de direitos trabalhistas, como depósito do FGTS, que na época estava atrasado desde 2012. A situação foi registrada pelo Jornal Midiamax, quando uma paralisação  ocorreu. Após ação movida pelo sindicato, a empresa chegou a ter bens bloqueados e alegou as dificuldades financeiras à má gestão.

Manifestação de funcionários em 2015 (Arquivo Midiamax)

Em dezembro de 2017, a empresa entrou com ação contra o governo de Mato Grosso do Sul, distribuída na 3ª Vara de Fazenda Pública e de Registros Públicos de Campo Grande, a fim de pedir liminar que conceda a manutenção da inscrição estadual, de forma que sejam mantidos os incentivos fiscais, que estariam sob ameaça de suspensão pelo Executivo estadual.

Na ação, a empresa pede que possa voltar a fazer emissões de notas fiscais eletrônicas e a restituição em dobro dos valores que considera ser indevidamente cobrados pelo governo, já que os tributos como ICMS estariam sem a concessão de isenção fiscal.

Por fim, a empresa também pede a suspensão de todas as ações de execução fiscal e cobranças administrativas de ICMS impetradas pelo governo do Estado, bem como o recálculo das mesmas. A Universo Íntimo também oferece como garantia de pagamento dos débitos de ICMS 2,5% do faturamento bruto mensal da empresa, que seria depositados em juízo e a ratificação da penhora do galpão, avaliado em R$ 14 milhões.