Caminhoneiros que protestam contra o aumento do diesel bloquearam a BR-163, na altura do posto Caravaggio, em , na manhã desta segunda-feira (21). Pneus foram queimados para impedir fluxo de veículos grandes e, no momento, apenas veículos de passeio, motocicletas e ônibus são liberados para seguir. Caminhões, carretas e demais “veículos altos” precisam parar.

O protesto teve início na manhã de hoje, apenas com a paralisação dos caminhoneiros e a mobilização da categoria, que foi acionada pelas redes sociais. Todavia, a decisão pelo bloqueio ocorreu em adesão ao movimento nacional, que já interditou fluxo de veículos em dezenas de rodovias em todo o país.

A PRF (Polícia Rodoviária Federal) e a CCR MSVia, concessionária que administra o trecho da BR-163 no Estado, estão no local e já conversaram com manifestantes. Segundo os caminhoneiros, a pretensão é permanecer no local até às 18h de hoje, liberando o tráfego para carros e veículos de emergência.

De acordo com o Sindicam-MS (Sindicato dos Caminhoneiros de Mato Grosso do Sul), o comando é para que os cerca de 19 mil profissionais paralisem suas atividades nesta segunda, em protesto à quinta alta do preço do somente nos últimos dias.

Sem incentivos

O caminhoneiro Plínio Pietrobelli, que transporta carga de Lucas de Rio Verde (MT) para Caxias do Sul (RS), trabalha para uma transportadora e foi orientado pela empresa a encostar o caminhão por alguns dias em um posto, para não correr o risco de ficar preso na estrada. À reportagem, ele afirmou que foi diretamente afetado pela ausência de incentivos para caminhoneiros autônomos e também pela alta dos combustíveis.

“Desde 1987 eu tinha caminhão. Mas, ao longo dos anos, tudo o que eu fiz foi acumular dívidas. Nos últimos anos estava impossível continuar trabalhando como autônomo. Vendi meu caminhão e agora trabalho para uma transportadora. Minha vida melhorou 80% desde então”, afirmou.

VÍDEO: Caminhoneiros bloqueiam BR-163 em Campo Grande em protesto contra alta do diesel
Veículos pesados já fazem fila na BR-163 (Foto: Marcos Ermínio/Midiamax)

No posto Caravaggio, onde o movimento de caminhoneiros é mais intenso, proprietários de pequenas transportadoras também afirmam ser afetados pela falta de incentivos fiscais e pelo aumento do combustível.

“Ao longo dos últimos anos, empresas que tinha a´te uns 20 caminhões atualmente tem 4, no máximo 5. É difícil competir com as grandes transportadoras, já que elas recebem incentivos fiscais, que não alcançam a gente”, comenta o empresário Bruno de Lima.

Segundo ele, um frete de Sidrolândia para Maringá (PR), custava cerca de R$ 100 por tonelada de carga há cerca de um ano, quando o deisel custava cerca de R$ 2,50. “Agora, o preço do frete é praticamente o mesmo, mas o combustível está na casa dos R$ 4”, protesta. “O pouco lucro que a gente tem no final da viagem não sobra nem para o valor de um pneu”, completa.

Caminhoneiro autônomo, Agnaldo Barbosa também descreveu que atua com dificuldade no transporte de cargas. “Fica inviavel pegar qualquer frete acima de 300 km de deslocamento. Não sobra nem pra fazer a manutencção do caminhão. De um ano pra cá, todo dia tem aumento de combustível, praticamente. Se continuar assim, não tem como a gente seguir fazendo esse serviço”, conclui.

Protesto nacional

A mobilização faz parte de uma articulação nacional da ABCam (Associação Brasileira de Caminhoneiros) contra o quinto anúncio consecutivo de alta do diesel, que ocorreu na última sexta-feira (18).

“O aumento constante do preço nas refinarias e dos impostos que recaem sobre o óleo diesel tornou a situação insustentável para o transportador autônomo”, traz comunicado da ABCam.

Para a associação, a categoria é prejudicada diretamente pela nova política da Petrobrás de correção quase diária de preços dos combustíveis, já que dificultaria a previsão de custos por parte do transportador. A majoração de tributos como PIS/Cofins também contribuem para alta do preço do frete.

VÍDEO: Caminhoneiros bloqueiam BR-163 em Campo Grande em protesto contra alta do diesel
Expectativa de sindicato é que até 19 mil caminhoneiros façam adesão ao protesto (Foto: Marcos Ermínio/Midiamax)