Alunos cobram refeição de qualidade com ‘marmitaço’ em frente ao RU da UFMS

As 600 refeições foram vendidas a R$ 2,50 cada

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

As 600 refeições foram vendidas a R$ 2,50 cada

Um grupo de estudantes da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) se reuniu nesta terça-feira (13) para fazer um ‘marmitaço’ como forma de protesto às condições da comida no RU (Restaurante Universitário). Ao todo, 600 fichas refeições foram vendidas até o início desta manhã e a distribuição aconteceu em frente ao restaurante.

A medida é uma mobilização independente de acadêmicos que se veem desrespeitados diante da má condição dos alimentos. Romário Santos é estudante de engenharia elétrica e criou um grupo no Whatsapp na última quarta-feira (7) para mobilizar os outros alunos. “É um manifesto pacífico e tanto o RU quanto a reitoria estão cientes. Começamos a vender na sexta-feira e foram 600 fichas, muita gente ainda queria comprar mas não tivemos condições que fazer mais marmitas”, conta. De acordo com Romário, a ação tenta chamar a atenção da reitoria quanto à importância da comida para os estudantes.

A estudante de Pedagogia, Agnes Viana, passou a manhã toda ajudando a preparar e embalar as 600 marmitas. O cardápio traz macarrão com molho bolonhesa ou molho vermelho com berinjela, para os vegetarianos. “Foram umas 15 pessoas reunidas, nós ficamos ontem até 1 hora da noite fazendo esta comida e toda a parte da manhã”. De acordo com a acadêmica, o grupo contou com ajuda de custo de sindicatos e centro acadêmicos para conseguir o local para cozinhar e comprar os ingredientes. Os estudantes pagaram R$ 2,50 por refeição e a renda deve ser revertida para bolsistas que estão com o auxílio atrasado, afirma Agnes.

Desde as 10h30, o acadêmico de Engenharia Civil, Carlos Fernando, espera pelas marmitas. Ele conta que normalmente paga R$ 4,50 no restaurante universitário, valor aos acadêmicos não vulneráveis, e quase sempre sai do local frustrado. “Fico desapontado sempre, você chega para almoçar e é uma comida de baixa qualidade, a carne só tem gordura ou nervos. Uma vez que me serviram estrogonofe de carne e só tinha três tiras de carne. Eu até comecei a comer os pratos vegetarianos, porque é um pouquinho melhor”. Carlos conta que avalia o cardápio antes de ir até o restaurante, a depender do prato servido, prefere comer um lanche no corredor central.

As acadêmicas de matemática Pâmela Karine, Thays Alves e Katyele Paim almoçaram no RU nesta segunda-feira, mas contam que não sabiam do ‘marmitaço’ promovido pelo grupo de estudantes. “A gente sabia do protesto na reitoria, se soubéssemos da marmita com certeza iríamos comer também. Se bem que desde ontem, o RU está com umas comidas um pouco melhores, hoje teve filé de frango e legumes”, conta Pâmela. As estudantes lembram com saudade do almoço servido pela antiga gestão do Restaurante Universitário. Agora, a sobremesa e o suco ficaram para trás e as queixas vão desde pouca proteína até pratos e talheres sujos.

RU versus Reitoria

Romário criou um grupo no Whatsapp para organizar o 'marmitaço'.​Romário Santos e Camila Jara participam do grupo de mobilização independente que promoveu o ‘marmitaço’ nesta segunda-feira. Eles contam que já conversaram com o gestor do restaurante e com a reitoria da universidade. Os estudantes defendem que a responsabilidade da precarização do RU é da reitoria, que não fornece estrutura suficiente para a preparação das comidas. O prédio do restaurante fica em reforma até 2019 e, segundo os estudantes apuraram, as instalações elétricas estão desligadas e não há condições de refrigerar todos os alimentos. “A gente viu que o restaurante tem muita dificuldade em fazer a comida, eles tem que fazer almoço para mais de mil pessoas no mesmo dia porque não dá pra conservar”, conta Romário. De acordo com Camila Jara, a proposta é continuar o diálogo com a administração da universidade. Após servir as marmitas, os alunos pretendem protestar em frente à reitoria.

Conteúdos relacionados