Pesquisas acontecerão em Japorã, Dourados e Caarapó; recurso é de R$ 55,5 mil

Um aplicativo para smartphones e um site na internet serão lançados pelo projeto Ja’e – A força da cultura Kaiowá/Guarani para promover o resgate da segunda maior população indígena do país, os guarani kaiowá. “Já’e”, que significa “Nossa voz”, faz parte do Capi (Centro de Apoio e Pesquisas Indigenistas), que foi contemplado com recursos do Funles (Fundo de Defesa e Reparação de Interesses Difusos e Lesados).

Os guarani kaiowá, assim como outros povos, enfrentam o risco de perder sua cultura material e imaterial para sempre e o aplicativo vai reunir arquivos de áudio, vídeo e fotografias das danças, rituais, vestimentas, e tudo o que se refere ao uso e costumes dos povos guarani e kaiowá.

Além disso, o projeto quer resgatar utensílios e objetos que não existem mais, por meio de reproduções tridimensionais, como o cachimbo sagrado Pentyguá, usado em rituais religiosos.

José Francisco Sarmento, presidente do Capi, explica que já possui um vasto banco de dados com fotos e informações sobre esses povos, coletados durante mais de 20 anos de pesquisas. O recurso do Funles, de R$ 55.562,00, vai possibilitar que se complete essa pesquisa e se desenvolvam o site e o aplicativo para disponibilizar as informações a todas as pessoas.

Projeto Ja’e vai lançar aplicativo com a cultura dos povos Kaiowá e Guarani de MS

“O projeto propõe a recuperação de muitos dados, inclusive envolvendo a confecção em modelagem 3D de objetos que não existem mais e podem ser reproduzidos baseados em depoimentos de anciãos, assim como a história que pode ser viabilizada com recurso audiovisual. A visibilidade desse material pode ajudar na reparação de uma dívida histórica que temos com todos esses povos”, diz Sarmento ao justificar a importância do projeto.

O Funles

O Projeto Ja’e – A Força da Cultura Kaiowá/Guarani é um dos nove projetos financiados pelo Funles nesse primeiro edital desde a criação do fundo, há 11 anos. O Fundo patrocina projetos em cinco eixos de investimentos: Meio Ambiente; Consumidor, a Ordem Econômica e a Livre Concorrência; Aos Direitos de Grupos Raciais, Étnicos ou Religiosos; Bens e Direitos de Valor Artístico, Histórico, Estético, Turístico e Paisagístico; Patrimônio Público e Social e Outros Interesses Difusos.

As receitas que compõem o Fundo são provenientes de indenizações decorrentes de condenações judiciais por danos causados a bens e direitos, multas judiciárias, indenizações e compensações previstas em acordos coletivos, inclusive termo de ajustamento de conduta, bem como multas por descumprimento desses acordos. O Fundo também pode receber contribuições e doações de pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras. Qualquer entidade, organismos oficiais e instituições de pesquisa podem apresentar projetos pleiteando recursos do fundo.

(Foto: Marcello Casal Jr, Agência Brasil)