Prefeito diz que fechamento de psiquiatria é estratégia para ganhar dinheiro

Médicos são contra fechamento

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Médicos são contra fechamento

​Durante agente pública nesta quarta-feira (6), o prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), disse que o fechamento da ala psiquiátrica da Santa Casa de Campo Grande – que passou a ser cogitada na última segunda-feira (4) – é uma forma de pressionar a administração municipal a fim de ganhar dinheiro.

“Todas as vezes que eles querem mais dinheiro eles falam em fechar. Eles sabem que a maneira de causar tumulto com a população é essa. É uma forma de pressionar e, se por ventura, dermos o dinheiro como já demos diversas vezes, daqui seis meses vão querer fechar de novo. Nós já propomos aumentar em seis vezes o valor”, declarou.

O setor dispõe de nove leitos e, segundo a administração, traz prejuízo à Santa Casa, porém, valores não foram mencionados. A média de internação na ala psiquiátrica, segundo informações da assessoria de comunicação do hospital, é de 30 dias. 

A equipe de reportagem do Jornal Midiamax procurou o presidente da ABCG (Associação Beneficente de Campo Grande) Esacheu Cipriano Nascimento, para comentar a declaração do prefeito, no entanto, ele está em reunião e não pôde se posicionar a respeito. 

Mobilização –Foto - Kleber Clajus

Médicos e representantes da ala de psiquiatria da Santa Casa participam nesta manhã de uma  mobilização na Assembleia Legislativa a fim de que o serviço não seja descontinuado  no hospital.

Conforme os relatos, nos últimos 10 anos o número de leitos foi reduzido de 48 para 10, destinados ao atendimento em núcleos de pacientes psicóticos e depressivos.

De acordo com o psiquiatra Beverly Martinez, são atendidos cerca de 300 pacientes no ambulatório do hospital. Além disso, ele destaca que o fechamento prejudica o número de residentes formados anualmente. O médico também questiona a planilha apresentada pelo hospital para justificar o fechamento do setor.

“Não faz sentido porque rateia despesas de forma desproporcional. Eles apontam, por exemplo, gasto de R$ 6 mil com medicamentos e R$ 43 mil com limpeza. Sabemos ainda que houve tentativa de outros recursos para amparar o setor, como projeto de prevenção ao suicídio, que receberia cerca de um milhão de emenda parlamentar, mas foi rechaçado pelo hospital”, observa. 

Fundador do setor, Luiz Salvador de Miranda Sá, ressalta a ética médica. “Querem transformar a Santa Casa em um hospital lucrativo. A Santa Casa não é da Sociedade Beneficente é da Sociedade campo-grandense desde 1927”, frisa. 

Defensora pública e coordenadora de ações estratégicas da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, Eni Diniz, explica que a Defensoria Pública acompanha o assunto em questão e que em casos de prejuízos pode tomar as medidas judiciais cabíveis.

“A Defensoria acompanha a discussão e na eventualidade de prejuízo pode-se tomar medidas judiciais cabíveis. A  mim foram apresentados que dos 300 pacientes atendidos na Santa Casa, 200 são adultos, 42 adolescentes e 60 crianças e que além desses pacientes existem os outros dos 10 leitos de internação”, pontua.

O deputado estadual e presidente da Comissão de Saúde na Assembleia, Paulo Siufi (PMDB), também defende que o setor não pode ser fechado sob alegação de recursos.  

“Porque não olhar pelo doente mental. Vamos ao Ministério Público porque a Santa Casa recebe recurso financeiro do município, Estado e União”, afirma. 

A reunião foi agendada nesta tarde com o promotor ​Francisco Neves Júnior, na sede do Ministério Público Estadual. O objetivo é entregar documentos que comprovam a importância do atendimento e prejuízo com fechamento do setor. 

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