Motoristas denunciam tapa-buraco em trecho ‘intacto’ e questionam método
Procedimento seria utilizado para evitar “buraco futuro”
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Procedimento seria utilizado para evitar “buraco futuro”
Recebida com alívio de início, a retomada da operação tapa-buraco em Campo Grande pela gestão do prefeito Marcos Trad (PSD) usando um novo método tem levantado suspeita de motoristas. As empreiteiras teriam passado a abrir buracos para ‘cobrir fissuras’ em trechos considerados intactos, aumentando a chamada “colcha de retalhos’ na malha viária da cidade.
Um motorista que passou pela região nesta sexta-feira denunciou a situação ao Jornal Midiamax. “Passo aqui todo dia, e sabemos onde tem ou não buraco. A avenida está uma lástima, mas não é o caso de operar dessa forma, lesionando o que não estava ruim. Ontem dois carros caíram nessas valas criadas pela própria empreiteira”, contou.
A avenida Ministro João Arinos, na saída para Três Lagoas, é um dos pontos altos do problema de buracos em Campo Grande. A operação no local começou na sexta-feira passada, e já são dezenas de pontos recortados – fora os buracos que já existem. Há recortes com pelo menos dez metros de extensão, enquanto os buracos apresentam menos de um metro de diâmetro.
São os próprios funcionários que escolhem o que deve passar pelo serviço parcial, sem qualquer tipo de planejamento. Especialistas recomendam que em todas as fases do processo, deve ser levado em consideração o perfil de cada via, ou seja, a quantidade de carros que circulam por ela, tipo do solo, largura e inclinação.
Funcionários da empresa responsável, a Pavitec, disseram que o método foi uma determinação do próprio prefeito, para evitar “um buraco futuro”. Um contratado descreveu a forma com que é feito o preenchimento, e ilustrou a diferença com que era realizado pela gestão municipal anterior. “Agora recorta, troca a base se ela estiver ruim, joga bica e compacta. Antes era só jogar a lama fria”, disse.
O contrato da empreiteira com o município é de R$ R$4.044.344,57, mas o gasto com os buracos ainda é contabilizado com base no que foi usado em material. Um funcionário revelou que por dia são utilizados 20 toneladas. A operação na Capital também é realizada pelas empresas Selco e Wala Engenharia.
Um especialista consultado explicou que a forma utilizada não resolve o problema, e em alguns casos, poderá inclusive agravar a situação. O técnico esclareceu que o asfalto em si faz parte apenas da superfície de um pavimento, que tem ainda três camadas internas: a base, a sub-base e o subleito compactados. “ O “requadramento” é o recorte de 1 m² no entorno do buraco e a remoção do asfalto antigo, para que seja preenchido com material novo é uma forma de prevenir, mas é preciso saber quando determinada via já não tem como ser remediada tapando buraco”, aconselhou.
Em resposta, a Prefeitura informou que está criando uma instrução normativa que vai reordenar o procedimento para o tapa-buraco. Disse também que a população pode contribuir com a fiscalização, caso encontre irregularidade, por meio dos telefones: 3314-3676 e 3314-3677.
Entre as novidades da normativa, o Município explica que está a necessidade de moradores atestarem o serviço prestado. O trabalho terá garantia de um ano, sob pena de ser refeito, sem ônus para a Prefeitura, caso apresente problema.
“O prefeito também recomendou algumas mudanças na qualidade do trabalho. Os buracos com mais de sete centímetros de profundidade são recortados (com uso da máquina fresadora) e a base é refeita e compactada, sendo aplicados sete centímetros de massa asfáltica. Destes, três ficam compactados na base e quatro na pista (antes ficavam apenas três centímetros na superfície)”, finaliza.
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