Estimativa é da Embrapa Pantanal

Em junho, a cheia do Pantanal deve atingir seu pico – quando o nível do Rio Paraguai atinge cerca de 4,5 metros em Ladário, a 435 km de Campo Grande – mesmo com volume de água abaixo do esperado. As informações são do pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Pantanal, Carlos Padovani.

Conforme explicou, ainda assim, a inundação em 2017 é considerada ‘dentro da normalidade’. “Este ano, devido ao volume de chuvas registrado em toda a bacia do Alto Paraguai – tanto no norte quanto no sul – não é possível esperar que o nível dos rios suba muito. Não tivemos uma grande quantidade de precipitações para abastecê-los”, comentou o pesquisador.

“As bacias do rio Paraguai, do rio Cuiabá e São Lourenço são as três maiores bacias que contribuem com as águas do Pantanal. Um grande volume de água da nossa cheia vem das chuvas que caem no Mato Grosso”, complementa. 

Chuvas anormais

Apesar de não registrar índices acima do esperado, as chuvas desse ano apresentaram um fator diferenciado: as precipitações continuaram depois de março.  “Para a região logo acima e abaixo de Ladário, outro fator que deve ter influenciado a continuidade da subida das águas é o rio Taquari, que permaneceu acima da cota de alerta de 4 metros na altura da régua de Coxim durante vários dias nos meses de dezembro a março”, esclarece Carlos.

 “Considerando que as maiores cheias já registradas na estação de medição de Ladário marcaram entre 6 e 7 metros, a de 2017 – com o nível máximo estimado entre 4 e 5 metros – está 2 metros abaixo dessas grandes inundações. Com o propósito de comparação, deve-se considerar, ainda, que o intervalo de nível máximo de cheia entre 5 e 5,5 metros para o rio Paraguai em Ladário é o mais comum, tendo ocorrido 30 vezes desde que se iniciaram as medições em 1900”.

Com chuvas prolongadas, cheia no Pantanal deve atingir o pico em junho

Nesses casos, conforme o pesquisador, há risco para moradores de comunidades ribeirinhas ou para rebanhos bovinos mantidos nas áreas mais baixas, de que estes sejam afetados pelas cheias, tendo que ser removidos para partes mais altas.

Padovani ressalta, porém, que algumas regiões podem ser inundadas se houver um volume significativo de chuvas locais, embora não haja indicativos de uma grande cheia até o momento. “Os rios Aquidauana e Miranda são rios de bacias pequenas e com relevo bem acidentado em relação às outras. São bacias que respondem muito rapidamente às chuvas, em termos de horas. Se há chuvas muito intensas nas partes mais altas dessas bacias, eles podem subir alguns metros, já que respondem muito rapidamente”.