Catorze presos trabalharam na reforma e outros três fizeram o serviço de limpeza

A reforma da Escola Estadual Padre José Scampini, realizada pelo projeto Pintando e Revitalizando a Educação com Liberdade, custou cerca de quatro vezes menos se fosse feita de forma tradicional. A informação é do juiz Albino Coimbra Neto, que idealizou. Segundo ele, a reforma custou cerca de R$ 500 mil e a economia para o Estado de Mato Grosso do Sul foi de R$ 1,7 milhão.

Para o juiz, o beneficio não está apenas na economia, mas na satisfação em ver a escola reformada e na relevância social do projeto. Ele explica que o regime prisional de mato Grosso do Sul era uim dos piores do país, e atualmente, após reformulações, se torno modelo par o Brasil. “O mesmo presídio que foi considerado modelo de ineficiência, hoje serve como modelo a ser copiado pelo restante do país”, diz.

Da Secretaria Estadual de Educação, Josimário Teotônio, também pontua que o projeto tem como foco a reforma e adequação das escolas, mas acima de tudo um papel fundamental, que é a questão social. “É importante estarmos aptos a reconhecer nossos erros e tirar algo proveitoso disso”, diz.

Já o superintendente da (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário de Mato Grosso do Sul), Aílton Stropa, lembra que a iniciativa enobrece a magistratura, por criar mecanismo qe ressocializam os detentos e ao mesmo tempo melhora as condições de ensino no estado.

Segundo ele, no Mato Grosso do Sul, 30% dos detentos conseguem realmente se ressocializar e não voltam a cometer crimes. E a maioria destes detentos participam de programas sociais, dentro dos presídios, como o projeto Pintando e Revitalizando a Educação com Liberdade. “O trabalho faz com que os presidiários consigam angariar algum recurso para sustentarem suas famílias e estejam preparados para o trabalho honesto e digno, para quando airem do sistema prisional”, diz.

Autoestima dos alunos

O governador Reinaldo azambuja frisou que a reforma devolve a autoestima de alunos e funcionários da escolas reformadas. “A melhoria da qualidade das condições físicas e autoestima de quem convive na comunidade escolar”, afirma.

Quem estuda na escola concorda, a estudante Rafaela penha, de 13 anos, do 9º ano, contou que vai ser bem melhor estudar agora, com a escola reforma. “Antes nem dava gosto de estudar, era tudo pichado, a gente até se sentia inseguro. Não parecia um local de ensino”, diz.

Do 1º ano, Ana Heloíza Anunciação, de 15 anos, diz que com a reforma há estimulo para estudar. “Agora sim dá vontade de vim para a escola e estudar. Tem até mais alunos agora”, diz.

Oportunidade

Cumprindo pena por tráfico de drogas, Nilson Benites, de 47 anos, diz que o projeto é uma oportunidade de exercer a profissão e voltar a trabalhar de forma digna e honesta. Se eu pudesse voltar atrás, não faria nada do que fiz. Agora posso exercer minha profissão e quando cumprir minha pena já estarei no mercado de trabalho outra vez”, diz.

Além disso, Benites diz ser muito satisfatório ver a alegria das crianças. “Muito bom ver as crianças comemorando, ouvir elogios, ver o agradecimento deles”, finaliza.

Projeto segue

Localizada no bairro Coophavila II, a Escola Estadual Padre José Scampin é 5ª escola estadual de reformada por reeducandos do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, uma das 46 unidades prisionais da Agepen.

O colégio é o segundo maior do estado, localizado em Campo Grande, em número de alunos, com 1.600 estudantes matriculados. A reforma contemplou 30 salas, contando com o anfiteatro, além da quadra coberta, pátio, calçamento, muros, pintura geral, troca de vidros, reforma elétrica e hidráulica, e, ainda, projeto de acessibilidade com a construção de banheiros adaptados, guichê da secretaria e da cantina com acessibilidade para cadeirantes, instalação de rampas e piso tátil.

Desde sua criação em 1979, a escola nunca passou por uma reforma geral. Os trabalhos estenderam-se ainda ao redor da instituição, com o corte de grama e limpeza geral. O serviço foi feito também tanto na parte externa quanto interna de uma creche e de um posto de saúde próximos à unidade de ensino.

Ao todo, 14 presos trabalharam na reforma e outros 3 detentos fizeram o serviço de limpeza. Todos eles oriundos do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira.

Outras escolas ainda vão ser reformadas este ano. O projeto acontece no período de férias para não atrapalhar o currículo escolar.