Maior El Niño em 18 anos pode causar impactos na agricultura em 2016

Dezembro foi de muita chuva em Mato Grosso do Sul. O mês, que está na tradicional estação chuvosa, foi diretamente influenciado pelo fenômeno climatológico El Niño, e por isso, choveu acima da média em várias cidades, causando inclusive, enchentes e destruição na região sul do Estado.

Especialistas apontam que o fenômeno é o mais forte em 18 anos e ainda pode causar diversos prejuízos no Brasil e no mundo. A ONU (Organização das Nações Unidas) divulgou alerta informando que as chuvas mais intensas poderão aumentar o custo dos alimentos no Brasil.

Em Mato Grosso do Sul, além da destruição de pontes e estradas, as chuvas fortes do começo de dezembro causaram prejuízos para piscicultores e deixaram ribeirinhos desabrigados. A Defesa Civil informou que mais de 60 mil pessoas foram afetadas pelas chuvas e o Governo Federal reconheceu a situação de emergência de 20 municípios. 

O documento divulgado pela ONU alerta que o fenômeno está  causando danos no setor da agricultura no Brasil, no norte da Austrália, em partes da Indonésia e da América Central. Ele cita que o El Niño proporciona aumento das chuvas no sul, sudeste e centro-oeste brasileiros, afetando o preço dos alimentos, devido ao encarecimento de sua produção. Já as regiões do norte e nordeste, as perspectivas apontam para um trimestre ainda mais seco que o normal.

Conforme a ONU, a África do Sul já declarou estado de seca em cinco províncias, que são suas principais regiões de produção de cereais. O alerta também aponta para um aumento do risco de febre do vale do rift, particularmente no leste africano, que afeta, principalmente as ovelhas, cabra, gado, búfalos e antílopes, mas também pode ser letal para os homens. 

Mato Grosso do Sul

De acordo com o Cemtec (Centro de Monitoramento de Tempo, do Clima e dos Recursos Hídricos de Mato Grosso do Sul), os municípios de Bela Vista, Cassilândia, Chapadão do Sul,Corumbá, Dourados, Itaquiraí, Maracaju, Ponta Porã,Rio Brilhante e Sete Quedas,  superaram as médias de chuva para o mês de dezembro. Campo Grande teve chuva correspondente a 84,48% da média esperada para o mês. Os especialistas apontam que os meses de janeiro e fevereiro terão chuva acima da média na região sul e que o fenômeno perde força em março. MS já sente efeitos do 'super' El Niño e ONU alerta para prejuízos em 2016

Com relação à temperatura, os termômetros podem passar dos 37 °C apenas na região sudoeste (Porto Murtinho e cidades próximas). Em janeiro, na região sul e norte as temperaturas ficarão abaixo da média, devido às chuvas. Em fevereiro, as temperaturas não ficarão muito altas devido às chuvas acima da média. Na região sudoeste, Porto Murtinho, Bela Vista as temperaturas ficarão acima da média. Na região norte as temperaturas tendem a ficar abaixo da média. Em março, as temperaturas ficarão acima da média na região oeste, parte da região central e região leste, principalmente.

El Niño

O fenômeno climático El Niño faz com que águas quentes do oceano Pacífico central se espalhem na direção das Américas do Norte e do Sul. O fenômeno acontece em intervalos entre dois e sete anos, normalmente atingindo seu pico no final do ano – embora seus efeitos possam persistir até os três primeiros meses do ano seguinte e durar até 12 meses. A expectativa dos cientistas é de que o fenômeno ganhe força nos próximos dois meses e atinja a intensidade máxima. 

O atual El Niño, que ganhou dos cientistas os apelidos de Bruce Lee e Godzilla é o mais forte registrado desde 1998 e, segundo os especialistas, deve ficar entre os três mais poderosos de que se tem conhecimento. Após a passagem do El Ninõ, a clima fica sob a influencia do fenômeno La Niña, que deve trazer um inverno seco e de baixas temperaturas.