Militante negra relata ‘dor’ de ter chiclete colado no cabelo após cochilar em terminal
Ataque racista ocorreu no Terminal Nova Bahia, no último domingo
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Ataque racista ocorreu no Terminal Nova Bahia, no último domingo
“Vocês terão que nos engolir”. Essa foi a última frase no relato do ataque racista sofrido pela militante Angela Batista, há sete dias, em Campo Grande. A jovem que também é uma das organizadoras do Movimento de Crespos e Cachos de MS, aguardava a chegada do ônibus linha 073, no Terminal Nova Bahia, quando cochilou e teve chiclete colocado em seu cabelo.
A atitude extremamente racista e sem escrúpulo, não foi testemunhada por ninguém ou pelo menos ninguém quis apontar o responsável por tamanha covardia. Um desabafo publicado por Angela em seu Facebook recebeu milhares de reações, comentários e mais de 800 compartilhamentos.
Na publicação de Angela, a pergunta que não quer calar: “Os tempos mudaram mesmo?” confira na íntegra:
Os tempos mudaram mesmo?
Isto aconteceu agora neste domingo passado, dia 27 de novembro de 2016. Estava voltando da casa de meus pais depois de passar a tarde toda com eles.
Fui para o terminal Nova Bahia esperar o ônibus 073. Estava morrendo de sono e quando o ônibus chegou acabei dormindo no banco. Eu não sei quem foi, nem a hora exata e nem o que motivou esta pessoa a me ferir.
Quando acordei, passei os dedos entre meus fios para tirar aquele amassadinho básico que todo mundo que tem black sabe como é. E aí veio a surpresa: haviam grudado chiclete no meu cabelo.
O desespero bateu e as lágrimas começaram a cair no meu rosto. Eu me senti humilhada, frágil como nunca mais havia me sentido antes. Voltei aos tempos de humilhação da escola, em que meus colegas de sala me ofendia com os apelidos mais cruéis possíveis.
Eu questionei a Deus porque há gente no mundo que faz mal a um ser humano que ele nem conhece. Me questionei porque existe tanto ódio contra a minha cor marrom e meu cabelo CRESPO. Eu fiquei todos esses dias sem me olhar no espelho, me sentindo destruída por dentro.
Mas até que veio em meu Facebook algumas recordações do dia repleto de fotos com pessoas que eu ajudei a empoderar através do movimento negro que eu participo desde sua criação. Eu me lembrei de todas as histórias que já me contaram e de todas as lágrimas que já ajudei a secar. Lembrei dos amigos e de meu namorado que me acolheram em todos os momentos difíceis.
Ser negro é ter que infelizmente ser 3x melhor que qualquer um. Mas mesmo você que tentou me derrubar naquela tarde de domingo eu retribuo seu ódio com amor ao meu povo e aos meus traços.
Eu tive que cortar sim, um pedaço de mim, mas todas as flores precisam de uma poda. Não é mesmo?
Vocês terão que nos engolir.
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