Lideranças dizem que ocupação da Funai pode acabar com volta de antigo gestor

Evair Borges foi exonerado nessa quinta-feira

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Evair Borges foi exonerado nessa quinta-feira

Lideranças indígenas que participam da ocupação do prédio da Funai (Fundação Nacional do Índio), em Campo Grande afirmam que o local pode ser desocupado com a volta do ex-coordenador Evair Borges, que teve a exoneração publicada no DOU (Diário Oficial da União) nessa quinta-feira (10).

Além de pedirem que o antigo gestor retome o cargo, os indígenas protestam contra a nomeação do coronel da reserva e ex-comandante do CMO (Comando Militar do Oeste), Renato Vidal Sant’anna. Lideranças de Mato Grosso do Sul estão em Brasília e devem discutir o assunto na tarde desta sexta-feira (11), durante reunião no Ministério da Justiça.

“Não aceitamos a nova indicação de chefe porque não fomos consultados. Vamos ficar aqui até termos uma reposta positiva de Brasília. Essa exoneração pegou todo mundo de surpresa e queremos o Evair na chefia”, afirma o cacique Marcos Terena, da Aldeia Cachoeirinha, em Miranda, distante 203 quilômetros de Campo Grande.

Lindomar Terena, da Aldeia Mãe Terra, também em Miranda, destaca que a exoneração não foi informada à comunidade indígena. “Pegou todo mundo de surpresa. A nossa bandeira de luta sempre foi a garantia dos nossos direitos. Esperávamos ao menos ser consultados. Essa exoneração significa um grande retrocesso aos povos indígenas”, observa.

Borges estava na Funai há 16 anos e dede de abril de 2014 ocupava o cargo de coordenador do órgão em Campo Grande. De acordo com os caciques, caso a reivindicação não seja atendida, outras lideranças devem se juntar ao grupo. “Se não tivermos uma resposta positiva, vamos reunir cerca de 700 indígenas nessa ocupação”, frisa. 

Atuação

A coordenação de Campo Grande centraliza a organização dos trabalhos das coordenações técnicas locais, instaladas nas cidades de Aquidauana, Bonito, Brasilândia, Corumbá, Miranda e Sidrolândia.

Em sua área de atuação estão as Terras Indígenas tradicionalmente ocupadas pelas etnias Terena, Kadiwéu, Ofayé-Xavante, Kinikinawa e Guató, mas sua abrangência envolve também indígenas de outras etnias como os Atikun, Guarani Kayowá e Guarani Ñandeva.

A coordenação também desenvolve políticas públicas voltadas para os indígenas que vivem em áreas urbanas, compondo diretrizes que buscam contemplar suas especificidades. 

Em Campo Grande há quatro comunidades indígenas e cerca de 10 mil pessoas. No Estado, a população indígena chega a 72 mil pessoas, a segunda maior do Brasil. 

Desde 1980, a coordenação da Funai é ocupado por indígenas. Conforme a coordenação nacional da Funai, em Brasília, ainda não há previsão sobre a data do efetiva para que o ex-sub-chefe do CMO assuma a coordenação. 

 

Assembleia do Povo Terena –

Conforme os relatos, na próxima terça-feira (15) as comunidades indígenas de Mato Grosso do Sul se reúnem na Aldeia Bananal para participarem da 9ª Assembleia dos Povos Terenas. Serão três dias de evento e a estimativa é de que ao menos 700 indígenas participem. 

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