Integrantes do movimento negro divergem sobre criação de coordenadoria

Prefeitura ficou de verificar as reclamações

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Prefeitura ficou de verificar as reclamações

Com lançamento marcado para a próxima segunda-feira (21), a recém criada Coordenadoria Municipal de Igualdade Racial já está envolvida em polêmica. A coordenadoria que tem como objetivo tratar dos assuntos ligados às comunidades negras e à promoção da igualdade étnica racial foi criada sem a participação dos movimentos negros, o que desagradou militantes que há mais de 30 anos lutam pela causa.

Representantes dos principais grupos que lutam pela igualdade racial em Mato Groso do Sul estiveram nesta manhã de sexta-feira (18), em frente ao Paço Municipal, para tentar uma agenda com o prefeito Alcides Bernal (PP) e expor a insatisfação do lançamento da coordenadoria, da forma como está ocorrendo.

Presidente do Coletivo de Mulheres Negras de Mato Grosso do Sul, Ana José Alves, de 59 anos, especialista em gênero e raça, reclama que em janeiro encaminharam ofício a Prefeitura solicitando reunião com o prefeito e até o momento não foram atendidos. “Fizemos o pedido formal ao prefeito em relação as decisões das políticas públicas de igualdade racial para o município de Campo Grande. Encaminhamos em janeiro e até hoje não recebemos nenhuma resposta”, reclama.

Ele explica que o objetivo da manifestação desta sexta é ter espaço nas discussões de políticas públicas, já que não adianta os movimentos debaterem e traçarem metas e objetivos se não participarem das decisões. “Em todos os locais públicos há pouco espaço para os negros, estamos aqui enquanto organização, que tem experiencia de discutir a igualdade racial. A construção da coordenadoria não foi coletiva. Não fomos ouvidos, nem respeitados”, emenda.

Do Fórum Permanente das Entidades do Movimento Negro de Mato Grosso do Sul, Romilda Pizani, de 38 anos, também critica a não participação dos movimentos negros na construção da coordenadoria. “Queremos o respeito às organizações dos movimentos negros. Há instituição com mais de 30 anos de luta nas questões raciais que não foi ouvida”, critica.

 Foto: Marithê Lopes / Midiamax

 

Participaram da manifestação representantes do Movimento Crespos e Cachos, Coletivo das Universitárias Negras, Fórum Permanente das Entidades do Movimento Negro de Mato Grosso do Sul e Coletivo de Mulheres Negras de Mato Grosso do Sul.

A assessoria de imprensa da Prefeitura informa que quem vai coordenar a pasta é Joel Penha. Segundo a assessoria, a nomeação do coordenador é uma prerrogativa do Executivo e não há, por parte da administração municipal, qualquer atitude que vise a discriminação de integrantes do movimento negro. “Com a criação da coordenadoria, a expectativa da PMCG é de que essas pessoas interajam, contribuindo efetivamente para o desenvolvimento das ações/atividades/projetos voltados à igualdade racial”, diz a assessoria.

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