Em 2h, mais de 76 mm de chuva e estragos espalhados pela cidade toda

Na ‘Cidade de papel’ o asfalto vira farelo quando chove

Árvore que atingiu três veículos e bloqueou a rua. Verdadeiros lagos no lugar de ruas. Casas alagadas, carros ilhados. Campo Grande parece, realmente, ‘feita de papel’. A chuva que atingiu a Capital nessa tarde (13), logo no início já deixou rastros dos estragos espalhados por todos os lados. Os leitores do jornal Midiamax ‘inundaram’ o canal de whatsapp do jornal, denunciando os locais por onde passavam. As imagens mostram ruas intransponíveis, veículos ilhados, asfalto esfarelando e até clínica odontológica alagada. O meteorologista da Universidade Anhanguera-Uniderp, Natálio Abrahão, afirma que Campo Grande registrou 76,8 milímetros (mm) de água, durante 1h50 de chuva, e vendaval de 46km/h nesta terça-feira.

Na Vila Julieta, na Rua Chain Jorge, uma casa foi alagada e os bombeiros tiveram que atender o local. Iraci Rodrigues, 45 anos, é a proprietária e moradora. Ela explicou que foi a primeira vez que a inundação – que atingiu até as gavetas dos móveis – aconteceu. “Nunca aconteceu isso antes. Eu vi a água subindo pelo quintal e tomando conta da minha casa. Ela chegou até a base das gavetas”.

Carros ilhados, vias alagadas

Na Rua João Rosa Pires, em frente ao Senac, uma camionete Hilux ficou ‘ilhada’ em meio à água. Em outros locais a mesma situação: na Rua Vitória Zeolla, veículos também ficaram presos na água que transformou a via em um lago.

Um vídeo mostra o que parece um córrego na Cônsul Assaf Trad. A água, em velocidade, formava corredeiras. O mesmo volume que alagou a via, também foi registrado na Cidade Morena e no Parati. Confira aqui a lista de locais registrados pelos leitores. Os veículos, em alguns dos vídeos, pareciam barcos navegando conforme a corrente.

A via parque – velha conhecida quando assunto é alagamento na Capital -, também virou lago. Um vídeo enviado ao jornal Midiamax mostra o que parece ser uma fila de carros em cima dos canteiros evitando passar na via alagada. Confira:

Na avenida Gury Marques, o chão transformou-se em migalhas. O pavimento asfáltico cedeu e placas se soltaram do chão. A pista sentido bairro-centro ficou danificada nas proximidades da sede da Polícia Militar Rodoviária. O trânsito ficou lento no local, que deixou aos condutores apenas uma via para passagem. pois é possível passar em somente uma das vias da pista.

José de Alencar, assessor parlamentar, 52, estava na Avenida quando o asfalto ‘esfarelou’, e ele viu o que afirma “nunca ter acompanhado”, sobre os estragos dessa proporção”. “As fissuras são muito grandes e só de olhar as placas soltas dá para perceber que o asfalto é de má qualidade. A drenagem do córrego está ruim, porque invadiu a pista. É perigoso, porque os motoristas ficam a mercê de algo pior que possa acontecer”.

Na avenida Guaicurus o córrego Bálsamo transbordou e invadiu a via e fez com que os condutores aumentassem a cautela durante o tráfego. Em alguns momentos, os motoristas diminuíam a velocidade e uma pequena fila de veículos formava-se. A água virou lama e tornou a visibilidade ainda mais difícil, juntando-se ao risco de conduzir em pontos com pavimento danificado.

Clínica Ondontológica, invadida pela água

A Policlínica Odontológica Vila Rica foi tomada de assalto pela água. Localizada na Rua Apiacás, no bairro Vila Rica, o estabelecimento oferece atendimento à crianças em idade escolar do 1º ao 9º ano. O leitor que enviou as imagens ao jornal Midiamax relatou que os estragos formados pela infiltração da água – que vão de mofo até cômodos impossíveis de ofereceram abrigo – provocaram a interrupção dos atendimentos. Nem os banheiros salvaram-se.

A prefeitura informou que uma equipe de manutenção da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) foi acionada para ir até o local.

No meio do caminho tinha uma árvore, tinha uma árvore no meio do caminho

Na Rua Joel Dibo, em frente ao Sesc Horto, em Campo Grande, uma árvore estava no caminho. No caminho da chuva, do vendaval e, também, da falta de ação do poder público: ao cair em cima de três veículos, moradores afirmam que o caso já era “tragédia anunciada”. Com grande porte, a espécie é conhecida como “pata de vaca” e atingiu um Ford Fiesta, um Renault Sandero e um Gol, que sofreu mais estragos.

A proprietária do gol ficou em ‘estado de choque’ ao olhar o vidro traseiro e a lanterna traseira, completamente destruídos. “Fui passear pelo centro, e daí quando estava indo embora vi a árvore”, relatou ela, que não quis se identificar.  

“É um risco eminente, liguei diversas vezes para a Prefeitura, para podarem e cortarem ou mesmo pra me autorizarem a cortar”, relatou o arquiteto, Roberto Magalhães, 57. Agora, Roberto preocupa-se com outras duas árvores que ficam no mesmo local.

Apenas o volume de água registrado na última semana já equivale a 37% do esperado para todo o mês de dezembro: 224,9 mm. Conforme tabela divulgada pelo Cemtec (Centro de Monitoramento de Tempo, do Clima e dos Recursos Hídricos de Mato Grosso do Sul), o histórico de chuva esperado para todo o mês de dezembro é de 224,9 mm, ou seja, o volume de água registrado equivale a 37% do total.

Previsão – Na quarta-feira (14), a chuva deve intensificar, conforme alerta o Inmet (Instituto nacional de metereologia). Com ela, devem chegar ventos e instabilidades. O Sul do Pantanal deve se preparar. Na quinta-feira (15), as instabilidades estarão no norte, mas todo Estado terá fortes rajadas de vento, de acordo com os metereologistas. Na sexta-feira (16), o tempo estará nublado com chuva isolada na região norte, outras áres, apesar de nubladas, podem aguardar vento “moderado”. A temperatura cai um pouco na Capital, na sexta, a mínima será de 21ºC em Campo Grande.