Chegada do Enem mudou conteúdos do ‘cursinho’ e perfil dos estudantes
Procura e concorrência aumentou com a prova
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Procura e concorrência aumentou com a prova
Entrar em uma universidade pública não é uma tarefa fácil. E com a passagem de vestibular para Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), os cursinhos também precisaram se adaptar, e consequentemente, o perfil dos alunos. Os estudantes agora enfrentam uma prova de 10 horas, com uma concorrência mais acirrada.
Considerado um avanço para o Governo na forma de ingresso no Ensino Superior, o MEC (Ministério da Educação) passou a usar o Sisu (Sistema de Seleção Unificada) para entrada no Ensino Superior. A UFMS aderiu ao sistema em 2010.
Neste ano, foram oferecidas 8 mil vagas em Mato Grosso do Sul, sendo mais da metade nos 96 cursos da UFMS. A UEMS (Universidade Estadual de MS) ofereceu 2,3 mil, a IFMS (Instituto Federal de MS) mais de 600 vagas, a e a UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) mais de 900 vagas.
O Enem oferece a possibilidade de um candidato de longe, de outro estado, concorrer a uma vaga daqui, e vice versa. Para muitos professores e coordenadores de cursinhos de Campo Grande, a mudança trouxe bons resultados, mas também algumas mudanças nas apostilas e na preparação dos alunos.“O vestibular era mais claro, tinha um modelo de prova. Com a mudança para Enem, mudou a estrutura das provas. A prova do Enem não estipulou um padrão. O aluno tem que estar preparado mesmo. Algumas disciplinas são níveis baixos, mas no caso de Química, Biologia vem bem puxado. Ainda não tem uma identidade específica do Enem. Enquanto isso, nós vamos trabalhando no geral para vestibular”, diz a diretora do Bionatus, Roseli Camargo.
O diretor do Colégio Paralellos, Murillo Roriz, afirma que no Enem a procura fica mais concorrida, e com isso a preparação dos alunos é maior. “A procura ficou mais concorrida com o Enem. E os alunos também perceberam isso. Tem que ter preparação psicológica., quase 50% do sucesso no Enem é isso. Não é a toa que fazemos simulados para prepará-los. Tem que preparar em todos os sentidos, prepará-los fisicamente, psicologicamente e a parte pedagógica também”, cita.
Para egressos da UFMS, que entraram antes de 2010, ou seja, fizeram vestibular, o conteúdo mudou. “O vestibular da UFMS era mais específico. Hoje em dia com o Enem não temos foco de conteúdo. A prova é longa, cansativa e sem foco na área de curso escolhido levando o vestibulando a uma dúvida sobre o curso escolhido. A vocação fica em segundo plano”, afirma a enfermeira Camila da Silva Martins, 25.
Até 2009, o vestibulando escolhia uma área, Exatas, Humanas, Biológicas, sistema que foi banido com a chegada do Enem.
Para o professor de Química Jesse Marques da Silva, graduado pela UFMS em 2011, o foco na área era maior. “A diferença que percebo é que no vestibular as questões eram bem diretas, abordavam o tema central e você desenvolvia em torno disso. No Enem é necessário maior interpretação de texto, porque as informações não são apresentadas tão obviamente. Então, não acho que seja questão de ser mais fácil ou mais difícil, mas é preciso interpretar melhor as informações contidas num exercício”, destaca.
Muitos alunos preferem o Enem e acham que a possibilidade de cursar em graduação em outras instituições do país, mesmo fazendo a prova em MS, é a vantagem. “A prova é a base para entrar na faculdade, eu acho que é bem melhor agora, além de que eu posso fazer a prova aqui e estudar em outro Estado”, diz a estudante de 18 anos Mariana Alves.
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