Atingidos pela cheia do rio, moradores de Aquidauana relatam ‘vida’ em abrigos

Superlotação de salas é principal queixa

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Superlotação de salas é principal queixa

Morar nas proximidades do Rio Aquidauana é viver em pleno estado de alerta. Não interessa se a família ganha muito ou pouco, se a casa é de taipa ou tijolo, a cheia do rio não escolhe as vítimas. Quando chove bastante, o perigo de alagamento é iminente e após os desastres, para quem não consegue salvar móveis, roupas e objetos, o que resta é recomeçar.

Aquidauana é uma das cidades mais prejudicadas pelo rio que leva seu nome. Lá, cerca de 80 famílias, pelo menos, colheram as consequências da chuva. São penalizadas por estarem próximo ao rio, mas o relato mais comum é de que as cheias violentas não eram tão frequentes.

“Coisa dessa só acontecia de 8 em 8 anos, de 10 em 10 anos, não era assim toda vez que chove”, aponta Adilson Elias, 55 anos, funcionário público. Ele, a esposa e os três filhos, de 11, 18 e 21 anos, dividem uma sala da Escola Estadual Cândido Mariano com mais duas famílias. “É péssimo, muito ruim, a gente dorme amontoado”, conta.

Quando a água começou a subir, Adilson retornou à casa e conseguiu resgatar alguns móveis. Molhado, o sofá se perdeu. “Ontem fui tirar minha geladeira e meu freezer e a água estava na minha cintura. Isso está acontecendo tanto assim porque o rio está muito assoreado. antes não era assim, não”, afirma.

A prefeitura e a Defesa Civil dividiram os ribeirinhos de Aquidauana em dois grupos: 21 famílias – cerca de 90 pessoas – foram realocadas na escola e 34 pessoas de outras 10 famílias estão na Escola Municipal Rotary Club. A prefeitura alega que por terem sido retirados a tempo, não houve perda material, mas o depoimento dos abrigados contesta a afirmação.

“Para não perder os móveis, precisei ‘subi-los’, mas não dá para subir tudo, né? Sai de casa em 2011, em 2013, em 2014… Virou constante, a gente espera, já”, afirma a professora Evelyn de Oliveira, de 25 anos.

Evelyn está com a família na escola Cândido Mariano desde a última segunda (11). “Tenho dois filhos pequenos, um de um ano, outro de quatro. É complicado para dormir, para tomar banho, o banheiro já intupiu… É um dia a dia é complicado”, conta. Ela conseguiu ficar na mesma sala que os pais e uma outra família, mas reclama da situação. “A gente fica tenso, preocupada. Mas tem que se acostumar, porque todo anos tem isso”, diz.

Para evitar o abrigo improvisado, Evelyn e a família até tentaram alugar uma casa, mas não conseguiram devido á burocracia imobiliária. “O aluguel mínimo é de três meses, então viemos para cá. É complicado, não temos o que fazer. Eu fico o tempo todo pensando se quando a água descer, se minhas coisas ainda vão estar lá, porque todo ano some alguma coisa”, diz. “Deixamos os cachorros lá para cuidar, mas eles fugiram e acharam a gente na escola”.

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