Cerca de 200 cego seriam beneficiados de imediato com aplicativo

Em 2012, uma empresa de tecnologia, em parceria com o Instituto Sul-Matogrossense para Cegos Florivaldo Vargas (Ismac), desenvolveu um aplicativo que forneceria coordenadas de localização de pontos de ônibus e da linha esperada pelo usuário, para ajudar os deficientes visuais a terem mais autonomia. O projeto, que chegou a ser lançado pela Prefeitura de , ficou só no papel. Até hoje cegos dependem da ajuda de terceiros para pegar o ônibus coletivo.

A solução, parecida com o que já há implantado em outras cidades do país, não foi levada adiante. Um dos problemas que impediu o avanço do projeto é a falta da instalação do GPS em toda a frota.

Conforme o analista de sistema e proprietário da empresa G2i Soluções em Tecnologia, Rodrigo Silveira Dutra, de 37 anos, o impasse inicial foi a falta do georreferenciamento. Segundo ele, hoje parte da frota já tem a tecnologia, mas isso não significou avanço para o projeto.

“A gente não sabe porque não foi pra frente. A gente ficou por fora disso. A gente fez o estudo com o pessoal do Ismac, fez a parte técnica. Não houve contrato de nada, a expectativa era de viabilizar a tecnologia, mas não foi para frente. Agora você me pergunta o porquê e eu não sei”, diz.

Enquanto o projeto não sai da gaveta, quem é deficiente visual e depende do transporte público amarga a falta de condições de uso e a dependência de outras pessoas para auxiliá-los.

“Foi um projeto que a gente participou. O pessoal veio apresentou e a gente foi parceiro. A Assetur se interessou na época, teve pré-lançamento, mas não deram continuidade. Faltou vontade política”, diz o presidente do Ismac, Márcio Ramos, de 35.

Ele conta que sem o aplicativo a vida do deficiente que depende do na Capital exige boa vontade de outras pessoas.

“Não temos como aber qual o ônibus que está passando. Sempre estamos na dependência de as pessoas lerem para gente que ônibus é. Tem moleque que até diz ônibus errado e a gente vai parar em outro lugar”, reclama.

“Se o aplicativo tivesse funcionado seria diferente, pois teríamos acesso às informações ponto a ponto. Eu cadastraria as linhas que uso e o aplicativo iria me avisar a quanto tempo o ônibus está de distância, sem dizer, que a tecnologia também previa que o motorista fosse avisado que naquele ponto haveria um embarque especial”, diz.

O professor José Aparecido da Costa, de 46 anos, emenda e lembra que se o aplicativo tivesse em funcionamento cerca de 200 deficiente visuais seriam beneficiados.

“Disseram que de pronto 200 deficientes visuais seriam beneficiados com o equipamento, o que não ocorreu, infelizmente”, lamenta.