Segundo advogado, eles querem o valor da fazenda com acréscimo de 1% ao mês

Sete dos 26 fazendeiros que tiveram área rural ocupada por índios em Sidrolândia, a 70 quilômetros de Campo Grande, entraram na Justiça Federal em busca de indenização. Eles alegam que as terras não estão mais como quando foram invadidas – retomadas, na terminologia usada pelos indígenas – há dois anos.

À época, a União chegou a montar comissão para analisar e estipular valor das fazendas e, assim, comprá-las dos latifundiários, mas até hoje a negociação está travada. Agora, eles almejam reaver o montante que investiram, somado a juros de 1% ao mês desde que a ocupação ocorreu.

De acordo com o advogado dos ruralistas, Newley Amarilha, somente a multa resultará em R$ 500 mil ao mês. “Não queremos mais as terras, e sim o dinheiro. O acordo gorou, eles (União) dizem que as terras são nossas, por outro lado os índios invadiram e há impotência para tirá-los. Então que os deixem lá e nos indenizem”, disse, ressaltando que as áreas já estão descaracterizadas pelo abandono.

Os proprietários das fazendas São José, Buriti, Lindóia, Cambara e Três R entraram com ações na semana passada. Outros dois entrarão até a próxima semana e, por isso, os nomes das propriedades não foram revelados.

Newley criticou a morosidade da União em resolver o problema e destacou que o dinheiro que será pago aos fazendeiros sairá dos bolsos do cidadão, enquanto poderia ser investido em educação, saúde e segurança. “Foi negligência do governo federal, estamos perdendo dinheiro. Em seis anos, essa dívida vai dobrar de valor. É assunto muito cadente neste momento em que estamos falando de corrupção e mau uso do dinheiro público”.

Ele acredita que outros ruralistas devem acionar a Justiça nos próximos dias. Segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio), Mato Grosso do Sul tem a segunda maior população indígena do País, somando mais de 70 mil pessoas de várias etnias.

A comissão formada para dar fim ao impasse, composta por representantes dos fazendeiros, indígenas e integrantes do Poder Público, chegou a apresentar proposta de compra das áreas por R$ 78 milhões, mas houve divergência e nada ficou acordado. Até hoje nenhuma outra proposta foi apresentada. O advogado garante que somente as áreas que pertencem aos seus clientes somam mais de R$ 50 milhões.