Promotoria investiga tapa-buracos feitos em ruas centrais de Campo Grande
Inquérito civil apura ‘eventual ato de improbidade administrativa’ no serviço
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Inquérito civil apura ‘eventual ato de improbidade administrativa’ no serviço
Depois de o Brasil conhecer os ‘buracos fantasmas’ de Campo Grande, o MPE (Ministério Público Estadual) revelou que também apura indícios de irregularidades em operações de tapa-buracos em algumas ruas centrais de Campo Grande. O inquérito civil está na Promotoria do Patrimônio Público e Social.
“Apurar eventual ato de improbidade administrativa na operação tapa-buracos realizada nas avenidas América e Mato Grosso, Rua Antônio Maria Coelho – estas duas curtam toda a região central de Campo Grande – e no Bairro Carandá-Bosque”, traz documento no qual o MPE torna pública a abertura do inquérito.
O documento data de 7 de janeiro deste ano e revela a conversão de procedimento preparatório em inquérito civil – o que ocorre, normalmente, quando o MPE identifica indícios de veracidade na denúncia. Portanto, não é possível relacionar a investigação à confirmação, nesta semana, de que buracos inexistentes são ‘cobertos’ por funcionários de empreiteiras contratadas pela Prefeitura.
Ainda conforme publicado pelo MPE, a investigação provém de uma denúncia anônima. Tal relato resultou no inquérito civil número 048/2014.
A exemplo da promotoria, o Jornal Midiamax também vinha recebendo denúncias de que operações tapa-buracos estavam sendo feitas em ruas sem imperfeições deste tipo. No entanto, a comprovação só ocorreu depois que um vídeo, inicialmente postado em redes sociais, chegou às mãos da reportagem, na manhã de quarta-feira (28).
Neste caso, as imagens foram feitas em uma rua no Jardim Veraneio, imediações do Parque dos Poderes, na frente de um acesso a condomínio de luxo da região. Um funcionário do residencial gravou material asfáltico sendo colocado nos falsos buracos.
Por conta da denúncia, um funcionário foi demitido. O mesmo trabalhador foi levado a público pela Prefeitura de Campo Grande e, em entrevista acompanhada por assessores do Executivo, isentou a empresa Selco Engenharia, responsável pelo serviço na área, de culpa.
Já a Prefeitura, por nota e depois de o prefeito, Gilmar Olarte (PP), e o secretário municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação, Valtemir Brito, evitarem comentar o assunto tão logo a denúncia foi à tona, garantiu que os trabalhos da empreiteira foram suspensos para a apuração da denúncia.
Na visão do prefeito, tudo não passa de uma armação – transferindo a denúncia para o campo político. Ele também acha sensacionalismo o destaque dado ao fato de que dinheiro público é usado para tapar buracos não existentes em ruas da cidade – há, pelo menos, outro vídeo, também publicado pelo Jornal Midiamax, no qual o procedimento é feito.
A Prefeitura foi questionada, ainda na quarta-feira, sobre os custos do serviço na cidade. Seriam pelo menos R$ 10 milhões a R$ 13 milhões mensais.
No entanto, de lá para cá não houve resposta a email, encaminhado à assessoria de imprensa da Prefeitura, sobre os dados solicitados. A informação oficial é de que os questionamentos seriam encaminhados à Seintrha (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação).
A reportagem apurou que, somente nos últimos dois meses de 2014, só a Selco teve movimentações em contratos envolvendo em torno de R$ 32 milhões com a Prefeitura de Campo Grande. A empresa trabalhou, por exemplo, no recapeamento da Avenida Guaicurus e na decoração da Cidade do Natal.
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