No dia nacional de luta, deficientes fazem manifestação pedindo respeito

Manifestação foi realizada na Afonso Pena

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Manifestação foi realizada na Afonso Pena

O Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência – 21 de setembro- foi lembrado com uma manifestação na Praça Ary Coelho, no Centro de Campo Grande. De acordo com Gonçalo Mecchi, um dos organizadores, o movimento foi realizado de forma autônoma por três deficientes, sem apoio de órgãos e entidades. “Estamos cansados de ouvir promessas”, diz.

Mecchi diz que a manifestação tem três objetivos: colher assinaturas para uma denúncia pública pelo descumprimento das leis Federal, Estadual e Municipal de acessibilidade que são aplicadas em Campo Grande. Segundo o documento, não há rampas de acesso e piso táctil em 99% dos estabelecimentos centrais e nos arredores da Santa Casa, Horto Florestal e todas as esquinas da Afonso Pena.

Também são denunciados  falta de medicamentos e materiais hospitalares nos postos de saúde essenciais para vida dos deficientes como sondas, coletores, dispositivos de incontinência urinaria e material curativo e a falta de qualidade nas órteses, próteses e cadeiras de rodas entregues pelo SUS através da Apae.

No microfone, um dos participantes cobrou acessibilidade nas lojas do Centro e sugeriu que os deficientes deixem de frequentar estabelecimentos que não estejam adequados. “Tem loja que tem uma escadaria para entrar. Não deveria entrar em uma loja dessas. Eles não pensam, mas é o que eu falo: depois dos 65 [anos] a mobilidade é reduzida para todo mundo”.

Aos 72 anos, Odete Paladino é mãe adotiva de duas deficientes. “A mãe de deficiente sofre horrores”, resume o sentimento. A filha mais nova, Catarina, de 17 anos, é cadeirante e muitas vezes precisa de atendimento médico. “Precisa de respeito em UPAs (Unidades de Pronto Atendimento),e CRS (Centro Regional de Saúde). Se levei é porque não tenho dinheiro, mas às vezes não atendem e tem que chamar a assistência social”.

A mãe conta que no fim do ano passado, a filha sofreu um acidente na Avenida Afonso Pena e acabou sendo arremessada quando entrava em um ônibus. “Minha queixa é com as cadeiras de rodas, a gente não consegue. Essa aqui, me afundei em dívidas para comprar, porque não tinha como esperar. Ela quer estudo. Quer ter direito à escola”, protesta.

A funcionária pública Lanier Débora de Almeida é cadeirante e diz que o que mais incomoda é falta de acessibilidade nas ruas, nos comércios e ônibus. “Antes de vir para cá, foi pegar o ônibus e estava com defeito [o elevador] tive que esperar. Muitas vezes, nos ficamos constrangidos”.

Lanier afirma que muita coisa ainda precisa melhorar e que algumas pessoas não compreendem a vida dos dos deficientes. “É uma pessoa normal, mas muitos consideram que não tem serventia nenhuma”.

Humberto Louveira, que é cadeirante há mais de 15 anos anos, diz que a principal cobrança dos deficientes é o direito de ir e vir. “São calçadas que não podemos passar, ônibus e saúde”, essas são as maiores dificuldades.

Louveira que é atleta paralímpico de bocha adaptada lamenta que neste ano, não será realizado no Estado o Jores (Jogos Recreativos Especiais). A gente quer saber por que não vai ter, se é uma coisa que o deficiente conquistou. Estamos arrasados”, diz. O atleta está na modalidade há dois anos. Ele passou por avaliação e descobriu que poderia participar do esporte. Na galeria dos troféus está o campeonato campo-grandense e o vice no Jodes, que é era a competição de nível estadual. “Foi uma nova vida. Abriu a minha mente”.

Outra reclamação de Louveira é quanto à acessibilidade nos terminais de ônibus. Segundo ele, há vendedores ambulantes que atrapalham o direito de ir e vir dos deficientes.

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