Na internet, ruralista usa fotos de incêndio no Paraguai para acusar índios de MS

Fogo teria sido causado por curto-circuito

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Fogo teria sido causado por curto-circuito

O ex-deputado Pedro Pedrossian Filho postou na noite da  quinta-feira (27), imagens de um incêndio que destruiu diversas máquinas agrícolas. Na postagem, ele afirma que a destruição teria sido causada por indígenas.

“Não basta invadir, tem que destruir! Eu não quero comentar mais sobre isso pq todos já sabem a minha opinião e a partir da minha decisão é que nenhum índio vagabundo quis roubar minha propriedade. Agora se a decisão de vocês é esperar pelo Estado inexistente, o resultado é o previsto… O nosso país se chama Brasil”.

Em pouco mais de 13 horas, a postagem teve mais 800 compartilhamentos e 300 curtidas, a maioria, apoiando Pedrossian Filho. Porém, na manhã desta sexta-feira (28), um internauta encontrou as mesmas fotos em um site de notícias do Paraguai, como de um barracão que pegou fogo no dia 24 deste mês.

De acordo com o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), não foi registrado nenhum tipo de destruição na retomada dos indígenas em Antônio João, a 402 quilômetros de Campo Grande, que ocorreu na madrugada do sábado (22). Sobre a postagem, o coordenador colegiado Flávio Vicente Machado considera um gesto bárbaro. “Querem justamente isso, jogar a sociedade contra os índios. É lamentável utilizar esse tipo de imagem para criminalizar os índios”, diz.

Machado afirma que a cidade estaria “sitiada pelos fazendeiros”, que bloquearam a rodovia e na tarde da quarta-feira (26) e não teriam deixado a Força Nacional de Segurança entrar na cidade. Segundo ele, na área retomada, o clima está tranquilo e os índios, estão se preparando para começar a plantar.

No ano passado, índios ocuparam a fazenda do ex-deputado, em Miranda, a 143 quilômetros de Campo Grande. Segundo um dos caciques, o grupo foi recebido por homens armados em seis caminhonetes. Eles teriam atirado contra os indígenas.

Já Pedrossian Filho e sua esposa Ana Pedrossian registraram boletim de ocorrência, relatando terem permanecido reféns de índios, por mais de dez horas, na propriedade da  Fazenda Retiro Maria do Carmo, no distrito de Taunay, em Aquidauana, 143 quilômetros de Campo Grande.

A área da Fazenda Santa Maria do Carmo teve os estudos de identificação concluídos em 2004 e foi reconhecida como de ocupação tradicional indígena e foi enquadrada na Terra Indígena Taunay/Ipegue, com 16 propriedades da região.

O Jornal Midiamax tentou contato com o ex-deputado, mas ele não foi localizado

Ocupação

Na madrugada de sábado (22) um grupo de indígenas ocupou a Fazenda Primavera, em Antônio João. Segundo o DOF, o grupo estava com armas de fogo, facas e flechas quando a família foi rendida.

Não é possível falar quantas fazendas foram retomadas no Estado, pois os índios contam as ‘terras indígenas’ e não as propriedades.

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