Na favela e sem luz, moradores ironizam uso de jatinho e postura dos vereadores
Ausência de estrutura, asfalto e iluminação pública insuficiente no esquecimento do Poder Público
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Ausência de estrutura, asfalto e iluminação pública insuficiente no esquecimento do Poder Público
Dona Maria Teresa, de 64 anos, moradora do São Conrado, região sudoeste da Capital, acredita que os vereadores e o prefeito de Campo Grande estão de ‘braços dados’ e esqueceram dos bairros mais periféricos. Onde ela mora não existe asfalto, nem ligação de esgoto em várias ruas. O mesmo abandono é apontado por Willian Rodrigues, que reside no Cidade de Deus, sem energia elétrica desde o início da tarde desta quarta-feira (18).
“O prefeito com tanta coisa pra resolver aqui resolve andar de jatinho e os vereadores acham certo, não veem problema. Eu vejo problema, pois vai eu viajar e deixar as coisas aqui pra ver se não fica difícil depois para lidar. No meu bairro não há asfalto na minha rua, como na maioria, a iluminação pública é uma vergonha e eu teria medo de viajar e deixar a minha casa. Queria ver se fosse o Bernal viajando de jatinho ou o anterior”, desabafa a dona de casa, moradora da Rua Major José Pinto, no São Conrado.
Willian Rodrigues, que sobrevive na favela Cidade de Deus à espera de uma casa popular, diz que depende da poder público para ter direito até a um endereço. Eles não conseguem instalações legais de energia elétrica e, periodicamente, ficam no escuro quando a concessionária corta os ‘gatos’ que fazem para furtar energia.
A favela conta com a acomodação irregular de 300 famílias, que sobrevivem em barracos de lona e madeira, na sua maioria com ligações clandestinas de água e energia. O local fica nas imediações do Lixão e já teve em setembro de 2014 a concessão de um gerador para fornecimento de energia às famílias.
Neste ano, segundo William, o gerador não está mais operando e recorrentemente ocorre o ciclo de corte do fornecimento pela Energisa, no combate às ligações clandestinas, e a religação feita pelos próprios moradores, em um recurso cada vez mais arriscado para ter o serviço. O Cidade de Deus também não dispõe de Saneamento Básico.
“Não tem cabimento as pessoas sem energia, crianças que vão perder o leite, idosos tendo que ficar à luz de velas nesse calor, que pode fazer gente passar mal. É muito descaso com o Cidade de Deus, de uma maneira que nem dá pra acreditar. É como se essas famílias não existissem”, reclama o auxiliar-administrativo.
Logo no primeiro mês de mandato, em 2014, o Secretário Municipal de Saúde, Jamal Salém foi convocado pelo vereador Coringa para mobilizarem ações de atendimento em Saúde e infraestrutura às famílias do Cidade de Deus. Seis meses depois o próprio prefeito foi até o bairro, que tinha ficado novamente sem energia, após corte da concessionária. Gilmar Olarte (PP) falou em realocação dos moradores para outras localidades em projetos habitacionais coordenados pela Administração Municipal, mas a situação continua a mesma.
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