Merenda continua em falta e creches fazem até pastelada para alimentar crianças

Creches estão pedindo doações de comida a produto de limpeza

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Creches estão pedindo doações de comida a produto de limpeza

A merenda continua em falta nas creches municipais de Campo Grande. A situação é tão feia que nesta quarta-feira (7) o Ceinf (Centro de Educação Infantil) Paulo Siuffi, na região do Giocondo Orsi, realizou pastelada, com preço a R$ 2,00 por salgado, para alimentar as crianças. A pastelada contou com doações dos pais e foi feita campanha para arrecadar dinheiro para comprar mantimentos.

Os pais relatam já se acostumarem com os pedidos de doações. Na semana passada, segundo os pais, foi enviado aviso aos pais na agenda das crianças pedindo doações de produtos de limpeza. “Nos últimos quinze dias pediram produto de limpeza, pano, vassoura, tempero, pediram de tudo. Tem muita coisa em falta”, conta mãe de aluno.

Um pai de aluno relatou que após reunião ele resolveu ajudar a creche. “Graças a Deus tenho condições de alimentar meu filho depois que ele vai para casa, mas tem famílias que não têm condição. Fiquei com dó por eles e doei mais de quinze pacotes de macarrão, de molho de tomate e dez quilos de feijão para o Ceinf”.

Outra mãe criticou a situação precária das creches. “Olha a que ponto nós chegamos. Isso era obrigação do poder público. A mudança de prefeito não tem nada a ver com a gente, com os nossos filhos”.

Em conversas com outros pais, a equipe do Jornal Midiamax descobriu que há cerca de um mês só tinha frango na merenda e que recentemente nem carne, só arroz e feijão. Também circula a informação de que o Ceinf do Nova Lima está há semanas sem macarrão e que o Ceinf da Vila Nasser estaria pedindo aos pais lista com produtos de limpeza e alimentos para a merenda.

Prefeitura diz que ainda não finalizou diagnóstico

A Prefeitura não respondeu se estão faltando alimentos nas merendas das creches, apenas declarou que a Semed (Secretaria Municipal de Educação) ainda não finalizou o diagnóstico sobre a situação dos fornecedores de produtos alimentícios.

A administração municipal informou ainda que a Semed e a Seplanfic (Secretaria Municipal de Planejamento e de Finanças) estão se reunindo com as empresas para assegurar o fornecimento do cardápio básico.

O município recebeu uma doação de uma carga de 180 toneladas feijão da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Segundo a nota  enviada à redação hoje, o alimento está sendo distribuído às creches. Outra informação é de que a proteína para as refeições está sendo encomendada, mas não há alusão ao prazo para os produtores chegarem aos estabelecimentos.

Merenda em falta

No início de setembro, a merenda escolar dos 101 mil alunos da Reme (Rede Municipal de Ensino) ficou comprometida. Quase uma tonelada de carne imprópria para consumo e outros alimentos vencidos, como arroz, feijão, fubá e macarrão. As proteínas foram distribuídas para 198 escolas e Ceinfs.Merenda continua em falta e creches fazem até pastelada para alimentar crianças

Poucos dias depois, a Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso do Sul abriu ação civil pública no TJMS (Tribunal de Justiça do Estado) reivindicando reformulação com inclusão de alimentos com maior fonte nutricional no cardápio dos Ceinfs. Após visita a cinco unidades, a equipe do Nudeca (Núcleo de Defesa da Criança e do Adolescente) constatou que os alimentos oferecidos aos alunos são “insuficientes e inadequados em desacordo com o que está vigente na Legislação”.

A ação defende a substituição do lanche composto por bolachas de água e sal e chá mate. “O Município de Campo Grande deve imediatamente substituir as refeições ofertadas, como o chá mate e bolacha, por alimentação balanceada com inclusão de frutas, verduras, legumes, proteínas, carboidratos, derivados lácteos no cardápio escolar”. O Executivo terá ainda que contratar emergencialmente nutricionistas.

Merenda continua em falta e creches fazem até pastelada para alimentar criançasAlém da averiguação in loco nos Ceinfs dos bairros Nova Lima, Marcos Roberto, Novo Minas Gerais, Jardim Nhanhá e Lageado, foram realizadas oitivas, laudos, relatórios, certidões, tudo destinado a comprovar ameaça ou lesão ao interesse ou direito fundamental coletivo individual homogêneo dos necessitados ou vulneráveis, “bem como subsidiar a propositura de medidas judiciais cabíveis com prazo de 45 dias”.

O processo tem como base denúncias e matérias jornalísticas que apontam a falta de merenda nas escolar e Ceinfs. “Alimentação é direito básico garantido na Constituição Federal e Estatuto da Criança e do Adolescente”, diz o defensor público Rodrigo Zoccal. A responsável pela coordenação foi a assessora do Nudeca, Glaucia Silva Leite. As visitas foram feitas dia 27 de agosto.

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