Professores afirmam que administração está ‘fazendo a cabeça’ dos adolescentes

A direção do Instituto Mirim de Campo Grande (IMCG) declarou na tarde desta segunda-feira (23) que os professores não procuraram a atual administração para uma conversa ou um acordo. Segundo a presidente do IMCG, Mozania Ferreira Campos, em nenhum momento os docentes procuraram um dialogo.

“A gente entende que primeiro tem uma conversa e depois uma solicitação do que está em falta ou do que não está agradando”, declarou.

Durante uma coletiva de imprensa nesta tarde a presidente disse que a greve é uma manobra política para atual gestão se desestabilizar. “Tudo começou quando teve a assembléia para discutir o estatuto e eu levei a ata e a lista de presença para o promotor Harfouche, como manda o acordo feito com o Ministério Público”.

Segundo Mozania alguns colaboradores do Instituto começaram a dizer que ela teria levado uma nova lista com possíveis indicações para associados ao Instituto e que com isso a Prefeitura teria menos associados aliados. “Eu não levei mais nomes, antes eram 14 e com os indicados pela Prefeitura e os indicados pelos associados ficaram 91”.

A ONG (Organização Não Governamental) tem 80 profissionais em diferentes áreas. Em relação aos professores cedidos pela Prefeitura são 20, de acordo com a diretoria. “Esses professores não nos consultaram sobre nada, ele simplesmente pararam, como um motim”.

O advogado da ONG, Wilton Acosta, alega que a greve é ilegal, pois não preenche todos os requisitos que a lei preconiza. Acosta afirmou que a Prefeitura de Campo Grande já foi informada sobre a situação, uma vez que os professores são contratados por ela e que ainda não tomou nenhuma providência. “Parece que eles estão sendo coniventes com isso, que está permitindo a greve. É esse o nosso entendimento”.

Acosta disse que o Instituo não descarta a possibilidade de pedir a Prefeitura enviar outros profissionais para que não comprometa o ano letivo dos mil adolescentes em curso. “Querem desestabilizar o acordo que fizemos com o MPE. O município esta sendo omisso e o nosso convenio permite solicitar outros profissionais”.

Eleição

A atual diretoria afirmou que não pretende concorrer às eleições do dia 15 de Abril e acredita que a situação instalada no Instituto seja por causa da preocupação entre os que apóiam a administração de Gilmar Olarte (PP). “A maioria de associados hoje é de aliados do prefeito, eu não sei o porque disso (da greve)”.

De acordo com Mozania a permanência dela no cargo até o dia 15 está garantida com o acordo feito entre o IMCG, a Prefeitura de Campo Grande e o MPE-MS (Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul). “Eu só quero terminar o mandato e cumprir o acordo”.

Estatuto

Segundo Mozania, os professores pedem a mudança no estatuto, mas foi a própria Prefeitura que pediu para adiar assembléia que discutiria a mudança. Segundo o Acosta, durante a assembléia a prefeitura notou incoerência nos requisitos apresentados.

“Eles queriam a volta da primeira-dama com presidente e remuneração para diretoria, o que não pode porque fere algumas leis. A lei de responsabilidade fiscal não permite que a primeira-dama seja presidente e desde 2009 que não é assim. Se houver essas mudanças o instituto perde o titulo de ONG e com isso repasses”.

A diretoria disse ainda que a Prefeitura parece confusa sobre a mudança do estatuto. “Existe duas solicitações por parte da Prefeitura: permanência como ONG e a primeira-dama como presidente. As duas coisas não podem ser feitas, uma fere a outra”, declarou Mozania.

Professores

Na saída dos alunos nesta segunda-feira um grupo de professores estava na frente da unidade dois da ONG. Eles estavam entregando para os alunos uma nota de esclarecimento sobre a greve. De acordo com alguns docentes, eles estão sendo coagidos pela atual gestão do Instituto.

Na nota os professores alegam que a ‘luta não é política, mas sim de compromisso com os Mirins e a sociedade’. Os docentes pedem mais transparência nas contas da ONG, reclamam do material pedagógico; ausência de projetos comunitários; assedio moral aos mirins e aos professores; privação de liberdade de expressão em relação aos mirins e aos professores; ambiente de tirania e imposição.

A professora Vivian Fogassa declarou que os profissionais não têm acesso a coordenação pedagógica e que tudo os que eles alegam ele podem provar. “Ainda não fomos à Justiça porque quem vai sofrer será o Instituto e queremos que as pessoas físicas sejam penalizadas pelo o que estão fazendo”.

Os professores reclamaram ainda que as alunas não podem usar esmalte escuro e algumas peças de roupa, mas quando indagados de os alunos são avisados sobre isso eles declaram que tudo está no Manual do Aluno. A psicopedagoga Edir Monteiro alegou que os docentes também querem a saída da coordenadora Adriana de Assis.

Alunos em protesto

Enquanto os docentes que estão em greve tentavam entregar a nota de esclarecimento aos alunos alguns gritavam que queriam aula e que não concordavam com a situação. Vários adolescentes rejeitaram o papel e alguns rasgaram na frente dos docentes.

Os professores afirmavam que a atual administração está ‘fazendo a cabeça’ dos adolescentes, mas eles rebatiam e negavam a situação. Alguns adolescentes chegaram a dizer que vão fazer protesto para que a coordenadora Adriana fique na unidade.

O motorista de ônibus Mauro Sergio Palermo, de 42 anos, tem dois filhos que fazem o curso no Mirim. “Eu acho certa essa rigorosidade em relação a roupa e ao modo de se comportar. Minha filha sempre diz que eles pedem para que os alunos tenham educação fora da unidade. Está certo cobrar para ter postura e disciplina. Eu como motorista já sofri muito com aluno mal educado e aqui eles estão educando”, concluiu.

A coordenadora Adriana Assis disse que o Manual do Aluno foi elaborado em 2013 e assinado por todos os professores. “Todos participaram do Manual do Aluno e também do Manual dos Professores. Os alunos assinam o manual quando se matriculam aqui”, concluiu.