Fechamento do Cempe provoca queixas de pais e questionamento de vereadores

Pais temem por falta de médicos nas UPAs depois do fechamento do local

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Pais temem por falta de médicos nas UPAs depois do fechamento do local

O fechamento do Pai (Pronto Atendimento Integrado), ou antigo Cempe (Centro Municipal Pediátrico), como ficou conhecido, está gerando polêmica, não só entre os pais, que utilizam o serviço e, em sua maioria, não concordam com a decisão anunciada pela prefeito Alcides Bernal (PP), na última sexta-feira (9), como também entre parlamentares de Campo Grande, que discutiram o tema durante a sessão desta terça-feira (13) na Câmara Municipal.

Os vereadores Chiquinho Telles (PSD), Betinho (PRB), Ayrton Araujo (PT) e Carlão (PSB) discursaram contra o fechamento, afirmando que isso pode significar uma perda significativa para os campo-grandenses. Na avaliação deles, sem um local específico, não há garantia de pediatras nas unidades de saúde 24 horas. “Sou completamente contra o fechamento do Centro Municipal Pediátrico. Se tivesse pediatra nos postos 24 horas tudo bem, mas nunca tem. Nem mesmo antes da abertura do Cempe”, defendeu Chiquinho.

A opinião do vereador foi reforçada por pais ouvidos pela equipe de reportagem do Jornal Midiamax na entrada do hospital. “Eu achei péssimo, porque nas unidades 24 horas nunca tem médico”, argumenta Aloma Fransciele dos Santos, de 21 anos, que foi informada por um médico da unidade, sobre a suspensão dos atendimentos. “Ele me disse que só vão atender até o final do mês”.

A jovem explicou que mora no bairro Vespaziano Martins, na saída de São Paulo, região sul de Campo Grande, e que precisa percorrer um longo caminho de ônibus, com os filhos de 5 meses e de 3 anos, para conseguir o atendimento, mas que prefere encarar o trajeto, do que tentar atendimento em UPA (Unidade de Pronto Atendimento) mais próxima. “Eu venho aqui porque sei que meus filhos vão ser atendidos, e que o serviço é de qualidade. UPA é um horror, e eu não acredito que essa reestruturação dê certo”.

Aloma Fransciele foi em busca de atendimento para a filha de 5 mesesOutra que não desanima com a distância é a aposentada Ana Regina Fermino, de 61 anos, que mora no bairro Nova Lima, região norte da cidade.  Segundo ela contou, o neto precisou passar por um procedimento cirúrgico, e todo o encaminhamento foi feito no Hospital Pediátrico. “Agora a gente está saindo da consulta pós-cirurgia, e deu tudo certo. Eu acho uma loucura fecharem. Não tem porque fazerem isso. Está funcionando tão bem”, concluiu a vó.

Enquanto aguardava atendimento para a filha de 2 anos, o servidor público Alfredo Nobre, 33 anos, disse que se realmente ocorrer essa reestruturação, tanto no atendimento quanto nas instalações das UPAs, a mudança pode ser positiva para a população. “Se fizerem como estão dizendo, garantindo não apenas médicos, mas como condições de trabalho, de internações, enfim, manter a mesma qualidade que o hospital tem, eu acho que será bom, porque vai aproximar o atendimento da população”, analisa.

A vereadora Magali Picarelli fez discurso semelhante à opinião do servidor. “Sou a favor de termos o atendimento pediátrico nos bairros, porque há mães que não têm como levar o filho até o centro, então é melhor ter atendimento próximo de casa, mas desde que se tenha a mesma estrutura que o Cempe tem hoje”, afirmou a parlamentar.

O único que demonstrou opinião totalmente favorável ao fechamento do hospital, foi o vereador Eduardo Cury, ex-coordenador do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), e que também é pediatra, destacando os problemas estruturais do local, como a falta de rampa e espaço para ambulância, que impediram a liberação do alvará sanitário e do Corpo de Bombeiros. “A boate Kiss também não tinha esses alvarás e olha o que aconteceu. Então isso é muito sério. Houve uma precipitação na abertura desse Centro Pediátrico, porque essas falhas poderiam ter sido corrigidas antes da abertura aos pacientes”, comparou.

Para ele, a abertura do CEMPE causou um efeito de muita insatisfação para funcionários que trabalham na Sesau, porque houve uma diferenciação de tratamento e salarial para quem atua ali, não estendido aos demais, indo contra a isonomia salarial.Ana Regina acompanha o neto de 5 anos na consulta pós-cirurgia

Reestruturação da pediatria

Na última sexta-feira (9), Bernal anunciou que o SUS (Sistema Único de Saúde), liberou verba de R$ 25 milhões, para a reestruturação do atendimento pediátrico em Campo Grande, a serem investidos nas UPAs Vila Almeida, Universitário, e Coronel Antonino, assim como a unidades do Santa Mônica, Leblon e Moreninhas, ainda em fase de obras.

O objetivo é que as unidades sejam adaptadas para prestar o serviço, e atendam todas as microrregiões da Capital, além de seis municípios próximos. O prefeito justificou que o PAI não recebe verba federal, porque não recebeu todos os alvarás necessários, o que gera um custo de R$ 3 milhões mensais aos cofres da Prefeitura.

Bernal ainda prometeu que os leitos neonatais no Hospital Universitário e da Maternidade Cândido Mariano, serão ampliados, e os profissionais passarão por curso de atualização profissionalizante. Ainda foi anunciado a contratação de mais 80 médicos pediátricos.

A data exata para o fechamento do Cempe ainda não foi anunciada pela Prefeitura.

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