Falta merenda, de novo, para alunos das escolas municipais

Prefeitura admitiu que há ‘problema de logística’

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Prefeitura admitiu que há ‘problema de logística’

Parece replay, mas não é. Apesar de toda repercussão no fim de outubro, mais uma vez falta merenda em escolas municipais de Campo Grande. Depois de receber denúncia de que escola estaria recebendo só arroz e feijão desde o início do mês, indagamos a Prefeitura, que admitiu que algumas escolas estão com atraso na entrega da merenda.

De acordo com Valéria Amorim de Souza, presidente da APM (Associação de Pais e Mestres), da Escola Municipal Ana Lúcia de Oliveira Batista, localizada no Paulo Coelho Machado, as merendas estão vindo sem proteína desde o início de novembro.

“Depois que teve o bafafá no fim de outubro, que acharam toneladas de merenda estragada, veio uma remessa de frango. Mas foi virar o mês e só vinha arroz e feijão, sem proteína. As crianças só estão comendo arroz, feijão e alguns legumes congelados que sobraram”, conta.

Para piorar, a Semed (Secretaria Municipal de Educação) teria feito acordo com as diretoras de escolas municipais de que elas buscassem as merendas na Suali (Superintendência de Abastecimento Alimentar) com seus carros particulares, pois a Prefeitura alegara que não tinha combustível para realizar as entregas.

“Eu mesma fui buscar uma vez. A escola é perto das Moreninhas e tivemos que ir até a Suali. É um absurdo. Fora que não é a forma adequada de transportar os alimentos. Outra vez tivemos que pedir uma carreta emprestada para um pai. Parece piada”, reclama Valéria.

Pensa que acabou? Nesta quinta-feira (12), a diretoria da Escola Municipal Ana Lúcia de Oliveira Batista foi até a Suali buscar os alimentos e, surpresa: só tinha arroz. “Ainda bem que doaram sacos de feijão para a escola. Fico pensando outras que não têm a mesma sorte”.

‘Problema de logística’

De acordo com a secretária de educação Leila Machado, por questões de logística algumas escolas estão com atraso na merenda escolar, mas a questão já está sendo solucionada e as entregas serão normalizadas nesta sexta-feira (13).

Com relação à informação de que houve acordo da Semed com as diretoras das escolas e creches municipais para irem buscar a merenda com seus carros particulares, a Prefeitura nega. Segundo a Semed, a orientação foi para que as diretoras que quisessem buscar os alimentos teriam livre acesso para retirá-los.

Joga fora no lixo

Em outubro pipocaram denúncias de creches e escolas municipais sem merenda. Em meio à falta de comida para os alunos, a Prefeitura de Campo Grande jogou fora quase cinco toneladas de alimentos identificados no depósito da Suali.

Os alimentos, segundo a prefeitura divulgou, foram descobertos pelo prefeito Alcides Bernal (PP), que havia ido ao local verificar pessoalmente como estavam os estoques da merenda da Rede Municipal de Ensino. As compras, deixou claro o prefeito, eram da administração anterior, de GIlmar Olarte, que foi afastado do cargo pela Justiça em agosto.

Segundo a Prefeitura, das quase cinco toneladas, seiscentos e vinte quilos eram de carne. Também foram descartados pacotes de arroz, feijão, fubá e alguns litros de óleo, todos impróprios para consumo devido à data de validade, conforme apurado pela Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde.

Pastelada para arrecadar alimentos

Enquanto a Prefeitura encontrava merenda estragada no depósito, crianças ficavam sem ter o que comer, em uma crise de falta de alimentos. Teve creche que realizou pastelada com a ajuda dos pais e ainda vendia o salgado a dois reais, para arrecadar dinheiro para comprar a merenda.

Sem efeito

O caso da merenda estragada foi denunciado ao MPE (Ministério Público Estadual) e a Defensoria Pública do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul realizou audiência sobre o caso, mas pelo visto, não surtiu efeito.

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