Planos de saúde terão que pagar pela cesárea se gestante assinar termo de consentimento

A Agência Nacional de Saúde (ANS) voltou atrás com a decisão de tirar dos planos de saúde a obrigatoriedade de pagar por cesáreas eletivas, aquelas que a gestante opta fazer a cirurgia mesmo sem histórico médico que indique a necessidade da mesma. A resolução foi aprovada em janeiro, mas passaria a valer nesta segunda-feira (6).

Para substituir medida, a ANS determinou que a partir de agora, a gestante que optar pela cesárea eletiva deverá assinar um termo de consentimento sobre os riscos da cirurgia (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) e apresentar um relatório médico na hora e local escolhidos para o parto.

A resolução tem como objetivo estimular o parto normal e reduzir as cesarianas desnecessárias, conforme destaca diretor-presidente da ANS, José Carlos de Souza Abrahão. “O parto é um dos momentos mais importantes na vida de uma mulher e de sua família e nós acreditamos que, ao fornecer informações qualificadas à mulher, ao informá-la sobre os riscos que podem ser gerados em decorrência de um procedimento cirúrgico desnecessário, ela estará mais segura na decisão em relação ao seu parto, escolhendo o melhor para sua saúde e a de seu bebê”.

Nesse sentido, a Assistente de Administrativo, Aline de Oliveira Fogaça, 27, destaca que, ao contrário do que Abrahão defende, encontrou no procedimento cirúrgico o sentimento de segurança. “Eu decidi durante a gestação e me senti mais segura pelo parto cesárea. Meu marido sempre esteve do lado para qualquer decisão, e também preferiu à cesárea. Respeito a opinião de cada um, mas eu me senti mais segura com a cesárea e quando fui ter o bebê, ele estava com o cordão enrolado no pescoço”, explica Aline ao mostrar que sua escolha também foi o melhor para a criança, diante da situação em que o bebê se encontrava.

Aline também destaca a vulnerabilidade do nosso sistema de saúde, reforçando que estão tentando implantar no Brasil, um sistema que funciona nos países de primeiro mundo. “Querem trazer uma cultura que funciona num pais de primeiro mundo, que tem outra estrutura, bem diferente da realidade daqui, principalmente no SUS. Se tivesse segurança, as mulheres optariam pelo parto normal”, destaca a assistente.

Já a servidora pública, Renata Fernandes, 30, concorda com o presidente, afirmando que sempre quis ter parto normal, confiando principalmente no trabalho de uma doula. “Quando engravidei escolhi por conta da saúde do bebê, por ser mais agressiva a cesárea e pela questão de recuperação. Também optei por contratar uma doula, pois ela ajuda na questão emocional, apoio, massagem, exercício para dilatar. Não me arrependo. A dor realmente é considerável, parece uma forte dor intestinal, mas é momentânea. Quando fala em 15 horas de trabalho de parto, não quer dizer 15 horas de dor. É suportável”, explica Renata ao defender o parto humanizado.

Maryele Nihues Souto, 30, está grávida de 35 semanas. O bebê deve nascer no inicio do próximo mês e a mãe já decidiu que ele deve vir ao mundo de forma natural. “Eu demorei um ano e meio para engravidar e nesse tempo pesquisei o tipo de parto. A mídia induz que o parto normal é muito sofrido, mas não é assim. Parto normal de forma respeitosa pode ser uma coisa bonita. Desde que eu soube que estava grávida, soube que queria ter natural”, defende.

Maryele também reforça o trabalho da doula, explicando que a mesma é uma pessoa fundamental para quem decide pelo parto humanizado. “Ela dá apoio emocional durante a gestação e durante o parto, palavras que auxiliam há hora. Dizem que o natural com a doula e sem são coisas bem diferentes”, conclui a futura mamãe.