Catador que perde tudo a cada chuva e usa água de cemitério quer cavalo para trabalhar

Com as mãos acima da altura dos joelhos, José Márcio Arce, de 43 anos, indica a altura que a água atinge quando chove forte no barraco em que sobrevive, na região da avenida Guaicurus, um dos muitos pontos de alagamento em Campo Grande. Márcio mora com a mulher na casa improvisada e o casal perde […]

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Com as mãos acima da altura dos joelhos, José Márcio Arce, de 43 anos, indica a altura que a água atinge quando chove forte no barraco em que sobrevive, na região da avenida Guaicurus, um dos muitos pontos de alagamento em Campo Grande. Márcio mora com a mulher na casa improvisada e o casal perde o pouco que tem a cada tempestade.

Conformado, ele conta que é sempre igual. “Moro aqui desde 2010 e toda vez que chove é a mesma coisa. A água vem descendo com força e carrega tudo”, diz.

O morador campo-grandense diz ter perdido as contas de tudo que a chuva já levou. A mulher dele, Antônia Apontes Vargas, de 36 anos, conta que até o colchão em que dormem eles pegaram no cemitério em frente. “Alguém deixou lá e nós pegamos. Dizer que a gente ganhou algo é mentira. Aqui só vêm, fazem promessa e nada. Nunca resolvem nada”, reclama.

Ela e o marido são catadores de material reciclado e nesta segunda-feira (18) tentavam juntar o que a água deixou para trás. Entre entulhos, latinhas e roupas sujas eles tentavam separar o que ainda tem jeito.

A situação do barraco que eles moram não é fácil. Nem água encanada tem ali. Para lavar as roupas e as vasilhas, Márcio conta que busca água direto da bica. Hoje a água estava barrenta, mas é a que tinha.

Para beber, revela que busca água de uma poça no cemitério que fica em frente à casa, já que a da bica não tem condição para consumo.

Apesar de todas as dificuldades, Márcio diz que a única coisa que gostaria era ter condições de trabalho, pois se tivesse um cavalo para puxar a carroça que tem nos fundos da casa. O trabalho seria mais fácil e ele poderia ter uma vida um pouco melhor. “Queria só um cavalo. Não peço nada para mim não. Só para trabalhar”, diz olhando para a carroça.

Já sabia que ia dar nisso

Moradora há 30 anos na região, vizinha de Márcio, mas em uma região mais alta, que não é castigada pela chuva, Vera Lúcia Camargo, 53 anos, conta que quando fizeram a ponte ali e asfaltaram, ainda na gestão de André Puccinelli, já sabia no que iria dar. “Quando começaram as obras aqui o André veio com aquele carrinho vermelho dele. Conersou com a genjte. Eu falei que a tubulação não ia suportar a força da água. Deu no que deu”, diz.

Ela explica, no seu jeito simples, que a tubulação que colocaram ali é muito pequena para as força da água, por isso quando chove a água ‘explode’ por cima do asfalto. “Não suporta e água vem por cima”, diz.

Para quem quiser e puder ajudar Márcio, o telefone dele é 9240-1713.

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