Três pessoas morreram e três estão desaparecidas no município de Sengés (PR), próximo da divisa com o interior do Estado de São Paulo. As fortes chuvas que atingem o Paraná desde o início da semana fizeram surgir duas crateras de cerca de dez metros de profundidade na rodovia PR-239 (prolongamento da PR-151) e deixaram o município isolado.

Major Osni José Bortolini, chefe de divisão da Defesa Civil do Estado, afirmou que os três corpos dos mortos já foram resgatados. Sobre os desaparecidos, o major disse que, provavelmente, há duas pessoas no rio e uma soterrada. “A situação está muito feia lá, eles continuam isolados, sem água, sem luz e sem telefone. Mas o tempo começou a melhorar e a chuva parou”, afirmou Bortolini.

Telefones fixos e móveis da cidade não funcionam. A Defesa Civil do Estado do Paraná enviou duas equipes por terra e um helicóptero para o local. Os integrantes do órgão irão montar uma estação de rádio amador para se comunicar.

Rotas alternativas

A rodovia PR-239 –principal ligação entre o interior de São Paulo e o Paraná– está interditada nos dois sentidos, entre os municípios de Sengés (PR) e Itararé (345 km de São Paulo). Não há previsão de liberação dos trechos.

Segundo a assessoria da Rodonorte, concessionária responsável pelo trecho paranaense da rodovia, com a nova cratera não será possível a construção de um trecho provisório para a passagem de veículos leves no local, como havia sido anunciado pela empresa anteriormente.

A recomendação da concessionária é que os motoristas que seguem do interior de São Paulo para o Paraná façam o desvio passando pelas cidades de Itaporanga (SP), Santana do Itararé (PR), Wenceslau Braz (PR), Ibaiti (PR) e Piraí do Sul (PR), chegando na PR-90. A rota alternativa aumenta a viagem em aproximadamente 100 km.

A outra opção, do Paraná para São Paulo, pode ser feita por Piraí do Sul, Ventania (PR), Ibaiti (PR), Santo Antônio da Platina (PR) e Ourinhos (SP).

Desabrigados no Estado

A Defesa Civil do Paraná informou que cerca de 300 pessoas estão desalojadas nas cidades de Campo Magro (região metropolitana de Curitiba) e São José da Boa Vista (norte do Paraná, na divisa com São Paulo), após as fortes chuvas que atingem o Estado desde o início da semana.

Em cada uma dessas cidades, 150 pessoas foram obrigadas a deixar suas casas por risco de desabamentos. Em São José da Boa Vista, outras 30 pessoas estão desabrigadas –estão instaladas em abrigos públicos. Além disso, cerca de 15 casas foram danificadas, assim como várias pontes. Já em Campo Magro, 20 pessoas estão desabrigadas.

Em São Paulo

A cidade de São Paulo completou ontem o 38º dia com chuva, segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergência), da prefeitura.

Neste sábado, novas pancadas devem atingir a região, de acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). Se a previsão se confirmar, o recorde histórico de chuvas em janeiro pode ser batido hoje, já que faltam cerca de 3mm para superar o total registrado no mesmo mês em 1947, o mais chuvoso da história, com 481,4 mm (cada milímetro equivale a um litro de água por metro quadrado).

No interior, Atibaia (64 km de São Paulo), Bragança Paulista (90 km de São Paulo) e Sorocaba (99 km de SP) também sofrem com as chuvas fortes.

A Prefeitura de Atibaia informou neste sábado que o nível do rio que corta a cidade voltou a subir após as chuvas de ontem. De acordo com balanço da Defesa Civil, 31 cidades decretaram situação de emergência no Estado desde 1º de dezembro do ano passado, quando começou a chamada Operação Verão. O total de pessoas afetadas permanece em torno de 3.600, assim como os bairros alagados, que ainda somam 15.

Com o excesso de chuva, o rio Jaguari, em Bragança Paulista, voltou a subir na madrugada de ontem, após a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) aumentar a vazão da represa de mesmo nome pela segunda vez nesta semana, diz a prefeitura. Na cidade, cerca de 50 pessoas estão em alojamentos da prefeitura e outras –o número não foi contabilizado– estão na casa de parentes.

Em Sorocaba, a chuva forte na madrugada de ontem fez com que 64 pessoas deixassem suas casas. Outras 30 famílias tiveram suas casas atingidas pelas inundações, mas se recusaram a sair. No município, 900 pessoas recebem refeições da prefeitura, porque não podem cozinhar nas casas alagadas.

A cidade sofre os efeitos da cheia do rio Sorocaba, que está recebendo o fluxo de água da represa Itupararanga, que tem 16 comportas abertas.