MS ocupa 14º lugar em mortes de travestis e transexuais, aponta levantamento
Estudo acumula 15 mortes de 2017 a 2021
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Mato Grosso do Sul ocupa o 14° lugar entre os estados brasileiros que mais matam pessoas trans. Conforme o Dossiê Assassinatos e Violências Contra Travestis e Transexuais Brasileiras em 2021, divulgado neste sábado (29) pela Antra ( Associação Nacional de Travestis e Transexuais), o Esatdo contabilizou ao menos três vítimas no ano passado. Na série história, que teve início em 2017, MS já soma 10 casos.
No Brasil, de um total de 140 assassinatos registradas, o Estado de São Paulo desponta com 25, seguido pela Bahia (13), Rio de Janeiro (12), Ceará (11) e Pernambuco (11) e Minas Gerais (9). A estatística coloca o país em 13º lugar no nefasto ranking mundial. A maioria das vítimas são pessoas com idades entre 19 e 29 anos. Vale lembrar que a expectativa de vida de uma pessoa travesti, transexual ou transgênero no país é de menos de 35 anos.
Considerando o recorte pela região centro-oeste, o estudo da Antra – feito com apoio da Uerj (Estadual do Rio de Janeiro), Unifesp (Unioversidade Federal de São Paulo) e UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) – também traz a região com 11% do entre 2017 e 2021
Para Bruna Benevides, autora do estudo, o incentivo e a discussão sobre diversidade nas escolas poderá proporcionar as pessoas LGBTI+ um cenário em que elas não sejam expulsas do ambiente escolar, fortalecendo um processo educacional e como consequência, consigam entrar no mercado formal de trabalho. “O que se pretende, de fato, é naturalizar as relações sociais desde o ambiente familiar até o escolar, para que todas as pessoas acolham e convivam bem com a diversidade”, declarou.
Principais vítimas
Em 2021, o estudo feito pela Antra também apontou que as principais vítimas são as profissionais do sexo: no ano passado, pelo menos 78% dos assassinatos foram direcionados contra travestis e mulheres trans profissionais do sexo. Isso porque a maioria vive um cenário social precário e precisam recorrer a prostituição, até mesmo para sobreviverem, pela falta de oportunidade que encontram com a alta vulnerabilidade social.
O caso de Lourival Bezerra, de 78 anos, que morava em Campo Grande e morreu em 2019, ganhou destaque na atual edição do estudo. Homem trans, a vítima teve sua identidade de gênero informada erroneamente pelo Serviço de Verificação de Óbiro (SVO) e precisou passar dias no IML (Instituído Médico Legal) até que retificassem sua identificação. Dias antes de morrer, Lorival revelou seu nome verdadeiro era Enedina Maria de Jesus. A investigação foi feita pela delegada Christiane Grossi, o caso repercutiu nacionalmente.
O estudo destacou que, no período de pandemia, foram encontrados 14 casos de pessoas trans vitimadas pela covid. Bruna acredita que esse número é maior, se houvesse o cuidado na identificação das as pessoas a partir de suas identidades de gênero e não exclusivamente pelo sexo ou órgão genital. “Já enfrentávamos um processo de sucateamento do nosso sistema de saúde e de assistência social. Diante da pandemia de coronavírus, temos visto um acirramento das vulnerabilidades da população LGBTI+”.
Políticas Públicas
Formas de políticas públicas podem viabilizar que a comunidade possa viver melhor, algumas das recomendações citadas no estudo são ações como a realização de campanhas contra a violência doméstica, física ou psicológica motivada por LGBTIfobia, garantir o marcador de identidade de gênero e respeitar o gênero das pessoas trans nos atestados de óbito.
“As respostas a situação geral em que se encontram as pessoas trans ainda são insatisfatórias por parte da administração pública”. Declara Bruna Benevides no estudo, reiterando a importância de políticas públicas para o combate a violência de pessoas tran no Brasil.
(Com supervisão de Guilherme Cavalcante)
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