Em entrevista, Moro se diz perseguido pelo TCU e volta a atacar Lula

Neste domingo (30), Moro voltou a se defender das suspeitas envolvendo seu contrato de trabalho com a consultoria americana Alvarez & Marsal

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Agência Brasil
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O ex-juiz e pré-candidato à Presidência Sérgio Moro (Podemos) voltou a se defender neste domingo, 30, das suspeitas envolvendo seu contrato de trabalho com a consultoria americana Alvarez & Marsal, responsável por processos de recuperação judicial de empresas envolvidas em condenações da Lava Jato, incluindo a Odebrecht. O presidenciável, que aposta no combate à corrupção como uma de suas principais bandeiras, negou ter relação ilícita com a empreiteira e atribuiu ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu futuro adversário nas urnas, a concessão de benefícios indevidos à companhia.

“Quem fala que eu prestei serviço para a Odebrecht mente. Quem prestou serviço para a Odebrecht foi o Lula”, afirmou no programa “Canal Livre”, da TV Bandeirantes. Alvo de investigação pelo Tribunal de Contas da União (TCU) acerca de suposto conflito de interesses durante a vigência de seu contrato com a consultoria, Moro disse estar sofrendo perseguição e acusou a corte de abuso de poder. O tribunal acatou demandas do subprocurador-geral da República Lucas Furtado e solicitou acesso aos valores envolvidos no encerramento da prestação de serviços do ex-juiz à empresa, bem como a seu salário e forma de atuação.

Em “live” na última sexta-feira, o pré-candidato disse que recebeu, ao todo, R$ 3,65 milhões da Alvarez & Marsal. O contrato vigorou por pouco menos de um ano e foi encerrado em outubro de 2021.

Moro argumentou que a consultoria foi escolhida pelo juiz da recuperação judicial para cuidar do processo, e não diretamente pela empreiteira. “Existe, sim, uma perseguição, porque o TCU não tem nenhuma competência para realizar esse tipo de trabalho, não tem atribuição para investigar a relação privada. (…) O que existe aqui é abuso de poder”, disse o presidenciável.

O ex-juiz fez críticas ao governo de Jair Bolsonaro (PL), do qual foi ministro da Justiça e Segurança Pública até abril de 2020. Ele afirmou que enxerga uma “captura” do Orçamento em prol de interesses específicos no Congresso, comprometendo a capacidade de investimento da União para favorecer a concessão de emendas parlamentares. Moro criticou o uso dos recursos federais para a compra de tratores por parte dos parlamentares, o chamado “tratoraço”, parte do esquema revelado pelo Estadão, em maio, na série de reportagens sobre o orçamento secreto.

Ainda sobre investimentos, Moro afirmou ser “absolutamente a favor das privatizações” e defendeu o modelo como uma das ferramentas para alcançar a redução das desigualdades sociais e a “erradicação da pobreza”, uma de suas promessas de campanha. Na mesma entrevista, direcionando críticas a adversários políticos, o ex-juiz disse achar lamentável “explorar a pobreza para fins eleitorais”. Ele defendeu a criação de uma força-tarefa no Executivo para tratar desse tema.

“Não quero colocar isso em um ministério, não quero ter de nomear um político que pode explorar aquilo de maneira político-partidária. Isso é lamentável”, disse Moro.

O ex-juiz também defendeu sua atuação no âmbito da Operação Lava Jato. Ele disse que era seu “dever” abrir o grampo de gravação entre Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff em 2016. Moro ainda lamentou que a pauta anticorrupção tenha se enfraquecido. “Hoje, não tem ninguém sendo investigado, ninguém sendo preso. Podem até discordar de prisões, mas é estranho que ninguém vá preso por corrupção no Brasil”, afirmou.

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