Após ter dito na semana passada que o “Brasil está quebrado”, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira, 11, que precisa fazer “milagre” para governar com poucos recursos e disse que, apesar dos problemas, é “imbrochável”. “Vão ter que me aturar, só papai do céu me tira daqui. Mais ninguém”, afirmou a apoiadores no Palácio da Alvorada.

“Logicamente você não vai ter nunca um presidente perfeito. Mas tem que fazer comparações. Dois anos sem nenhum escândalo de corrupção. Cada vez menos recursos com a lei do teto e fazendo mais. Alguns querem que eu minta ‘ah, o Brasil está uma maravilha'. Não está uma maravilha”, afirmou. “Alguns querem que com poucos recursos eu faça milagres.”

Na terça-feira passada, 5, Bolsonaro disse também a apoiadores que não conseguiu “fazer nada” no governo e atribuiu à da covid-19 o motivo para não conseguir ampliar a isenção da tabela do Imposto de Renda, uma de suas promessas de campanha. A declaração, na contramão da sua própria equipe econômica, repercutiu mal. Economistas ouvidos pelo Estadão foram unânimes no contraponto de que o País não está quebrado, mas é preciso que o governo faça escolhas.

No dia seguinte, o presidente foi irônico ao dizer que o País está uma “maravilha” e responsabilizou a imprensa por uma “onda terrível” de sua fala anterior. “Não está uma maravilha. Sabe a nossa dívida interna quando é que está? R$ 5 trilhões. Isso é sinônimo que estamos bem ou estamos mal? Para a imprensa o que falar aqui vai ter crítica”, disse Bolsonaro nesta segunda-feira.

Na conversa com apoiadores na manhã de hoje, o presidente voltou a comentar a eleição pela presidência da Câmara. Ele cobrou o apoio de parlamentares da bancada ruralista ao candidato do Planalto, (PP-AL), líder do . Ele justificou o pedido ao destacar que o campo “nunca teve um tratamento tão justo e honesto” quanto em seu governo. Segundo ele, o agronegócio está “bombando” e, por isso, parlamentares da bancada deveriam apoiar o candidato do governo.

“O campo nunca teve um tratamento tão justo e honesto quanto tem comigo, em todos os aspectos. Alguns parlamentares do campo, ao invés de apoiar o nosso candidato, estão apoiando outro candidato. Eu não entendo”, disse. “O campo está bombando, esse pessoal todo do campo tem que estar comigo, pô. Isso é o mínimo de razoabilidade que eu peço pra eles, para a gente poder levar nossas pautas pra frente”, afirmou.

O presidente ressaltou que precisa do apoio dos ruralistas para avançar com as pautas do governo no Congresso, como medidas provisórias. “Eu não comando o Brasil sozinho, tem o Legislativo do lado que é o responsável por leis, o cumprimento da Constituição. Nós não podemos ter mais dois anos pela frente com a esquerda dominando a pauta. Do lado de lá está o PT, PCdoB e PSOL. Atrapalhou a gente dois anos, fizeram as pautas”, disse.

Bolsonaro voltou a dizer que o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deixou caducar a MP da regularização fundiária e “matou o campo”. A MP enfrentou resistência dos parlamentares e foi apelidada de MP da Grilagem. Sem acordo para votação, o texto perdeu a validade no ano passado.

“Nós podíamos ter todo o campo legalizado onde o homem pudesse fazer seus empréstimos, seus negócios. E não pode fazer por quê? Porque o presidente da Câmara deixou caducar. E agora eu vejo o pessoal do agronegócio, alguns poucos, é lógico, apoiando um candidato que tá do lado da esquerda”, disse.

O bloco de Rodrigo Maia apoia a candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP), que tem o aval de siglas da oposição e da centro-direita. “Nada pessoalmente contra o candidato do outro lado, pessoalmente, mas agora, ele está junto com o PT, PCdoB e PSOL, não precisa falar mais nada”, comentou o presidente.

O chefe do Executivo disse ter “profunda gratidão e apreço” pelos parlamentares do campo e que o “mínimo” que pede a eles é o apoio nas eleições da mesa para evitar que novas MPs caduquem. “Se eu fizesse a agenda ambiental xiita de governos anteriores, o agronegócio estava no fundo do poço”, comentou.

Para os apoiadores, Bolsonaro disse ainda que a “esquerda” quer a volta do imposto sindical e que isso afetaria a produção no campo. “É a volta do imposto sindical para continuar infernizando quem produz no Brasil? Se os heróis que produzem começarem a deixar o Brasil, não tem mais emprego pra ninguém”, declarou.