‘Ajuda não se recusa’, diz Rubens Barbosa sobre Bolsonaro rejeitar apoio argentino
Houve pelo menos 24 mortes em decorrência dos temporais na região, que deixaram 91.258 pessoas desabrigadas ou desalojadas
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O ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos Rubens Barbosa afirmou que o governo federal errou ao não aceitar o apoio humanitário oferecido pela Argentina no socorro às vítimas das fortes chuvas no sul da Bahia. “Não faz nenhum sentido. Ajuda não se recusa, se agradece. Foi um ato simbólico que deveria ser recebido como gesto de amizade, não de provocação”, disse por telefone ao Estadão.
Por meio de sua conta no Twitter, o presidente Jair Bolsonaro disse ter considerado o envio de dez bombeiros brigadistas do país vizinho desnecessário, mas não descartou a possibilidade de requisitá-los no futuro, caso a situação se agrave. “O fraterno oferecimento argentino, porém muito caro para o Brasil, ocorre quando as Forças Armadas, em coordenação com a Defesa Civil, já estavam prestando aquele tipo de assistência à população afetada”, justificou-se.
De acordo com a Superintendência de Proteção e Defesa Civil (Sudec), houve pelo menos 24 mortes em decorrência dos temporais na região, que deixaram 91.258 pessoas desabrigadas ou desalojadas e levaram 136 municípios a decretar situação de emergência. O presidente tem sofrido críticas de opositores por ter mantido seu período de descanso em meio à situação de calamidade no local. Sem compromissos desde o Natal, ele passa férias em São Francisco do Sul, no litoral de Santa Catarina, onde deve permanecer até o dia 3 de janeiro.
Em resposta aos ataques, o Planalto disse que destinaria R$ 200 milhões para auxiliar nas operações de resgate, mas uma Medida Provisória (MP) publicada nesta terça-feira , 28, determina a distribuição deste valor para a reconstrução de rodovias em cinco estados.
Para Barbosa, o Itamaraty perdeu uma oportunidade de reaproximação diplomática com a Argentina, cuja relação com o Brasil tem sido minada pelas rusgas ideológicas entre os Bolsonaro e Alberto Fernández. “Deveríamos ter aceitado principalmente pela separação que existe hoje entre os presidentes, que não se falam. Seriam poucas pessoas (enviadas pela Argentina). Não resolveria o problema, mas serviria para aproximar os países, que não têm tido uma relação boa nos últimos anos.”
Em janeiro de 2019, quando houve o rompimento da barragem de Brumadinho (MG), o governo brasileiro recebeu 130 militares israelenses oferecidos pelo então presidente do país, Benjamin Netanyahu, com quem Bolsonaro tinha afinidades ideológicas. Após três dias de trabalhos de busca com auxílio de cães farejadores e sonares de submarino, os soldados voltaram sem encontrar sobreviventes.
Desde que se tornou presidente, Bolsonaro fez diversas críticas a Fernández e o comparou ao ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, em declarações públicas. Em outubro, os dois deram um aperto de mão amistoso na reunião do G-20, em Roma, na Itália. Naquele momento, haviam selado trégua e a relação entre os países vivia momento de estabilidade.
No entanto, a visita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Buenos Aires, no último dia 10, quando foi recebido por Fernández e homenageado na Casa Rosada, sede do governo argentino, causou novos atritos. Na ocasião, o petista discursou para uma multidão que lotava a Plaza de Mayo para celebrar os 38 anos da redemocratização do país e foi ovacionado.
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