‘Nenhum país vem causando tanto mal a si mesmo quanto o Brasil’, diz vice-presidente Mourão

Em um polêmico artigo publicado nesta quinta-feira (14), no jornal O Estado de S. Paulo, o vice-presidente, Hamilton Mourão, afirmou que, em meio à pandemia de coronavírus, vê o país a caminho do caos e que não enxerga outro lugar no mundo que esteja “causando tanto mal a si mesmo como o Brasil’. O vice […]

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Em um polêmico artigo publicado nesta quinta-feira (14), no jornal O Estado de S. Paulo, o vice-presidente, Hamilton Mourão, afirmou que, em meio à pandemia de coronavírus, vê o país a caminho do caos e que não enxerga outro lugar no mundo que esteja “causando tanto mal a si mesmo como o Brasil’. O vice ainda criticou o trabalho da imprensa, culpou instituições e comentou que o país enfrenta a crise de modo “desordenado”.

“Para esse mal [a covid-19] nenhum país do mundo tem solução imediata, cada qual procura enfrentá-lo de acordo com a sua realidade. Mas nenhum vem causando tanto mal a si mesmo como o Brasil. Um estrago institucional que já vinha ocorrendo, mas agora atingiu as raias da insensatez”, disse.

Segundo o general da reserva, o “estrago institucional” pode ser resumido em quatro pontos. O primeiro seria a polarização da sociedade. O segundo, a atuação de representantes de outros entes federativos – estados e municípios – e poderes, muitas vezes na contramão da União.

O artigo vem na esteira de várias polêmicas envolvendo o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que viu a saída de dois importantes ministros durante a pandemia (Luiz Henrique Mandetta, da Saúde, e Sérgio Moro, da Justiça) e trocou farpas com os governadores dos Estados mais populosos do país (São Paulo e Rio de Janeiro), diante da insistência do presidente em contrariar recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para conter o avanço da covid-19.

“Pela maneira desordenada como foram decretadas as medidas de isolamento social, a economia do País está paralisada, a ameaça de desorganização do sistema produtivo é real e as maiores quedas nas exportações brasileiras de janeiro a abril deste ano foram as da indústria de transformação, automobilística e aeronáutica, as que mais geram riqueza. Sem falar na catástrofe do desemprego que está no horizonte”, lembrou o vice.

No artigo, intitulado “limites e responsabilidades”, o militar ainda criticou a cobertura da imprensa e opinou sobre como o trabalho deveria ser feito. “A imprensa, a grande instituição da opinião, precisa rever seus procedimentos nesta calamidade que vivemos. Opiniões distintas, contrárias e favoráveis ao governo, tanto sobre o isolamento como a retomada da economia, enfim, sobre o enfrentamento da crise, devem ter o mesmo espaço nos principais veículos de comunicação. Sem isso teremos descrédito e reação, deteriorando-se o ambiente de convivência e tolerância que deve vigorar numa democracia.”

No texto, Mourão ainda fala em  “degradação do conhecimento político por quem deveria usá-lo de maneira responsável”. Governadores, magistrados e legisladores que esquecem que o Brasil não é uma confederação, mas uma federação, a forma de organização política criada pelos EUA em que o governo central não é um agente dos Estados que a constituem, é parte de um sistema federal que se estende por toda a União.”

 

 

 

 

 

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